O Tribunal Superior do Trabalho (TST) marcou para a próxima segunda-feira, às 14h, uma audiência de conciliação entre a Eletrobras e os sindicatos ligados aos trabalhadores da estatal federal para retomar as negociações sobre o acordo coletivo 2013/2014. "O TST não concedeu a abusividade da greve solicitada pela estatal", afirmou o diretor de Negociações Coletivas do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro (Senge-RJ), Gunter de Moura Angelkorte. A audiência, que irá ocorrer em Brasília, foi marcada pelo presidente do TST, ministro Carlos Alberto Reis de Paula, nesta quarta-feira, 24.
Segundo o diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro (Sintergia), Urbano do Vale, as áreas jurídicas ainda estão tomando conhecimento da proposta de dissídio coletivo ajuizada pela Eletrobras na última segunda-feira, 22, no TST. Embora não revele o teor da proposta, a estatal federal informou por meio de nota que "espera, com tal medida, a retomada das atividades paralisadas em todas as suas empresas". De 80% a 90% dos 28 mil funcionários do Grupo Eletrobras estão em greve por tempo indeterminado desde o último dia 15.
Impasse
"A empresa saiu da esfera política para a esfera jurídica. Naturalmente, vamos ter que adotar a mesma estratégia", afirmou Vale. A última rodada de negociações havia ocorrido na última sexta-feira e acabou em novo impasse. No encontro, o diretor-presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, e o diretor de Administração, Miguel Colasuonno, apresentaram uma nova proposta válida por dois anos, ou seja, até 2015, o que foi interpretado pelos sindicatos como um movimento para evitar a discussão sobre o reajuste salarial durante a campanha eleitoral para a presidência e para os governos estaduais em 2014.
Segundo Vale, a Eletrobras teria proposto reajustar imediatamente os salários em 6,49%, recompondo a inflação dos 12 meses anteriores a maio de 2013, e promover um novo aumento de 1 5% em janeiro do ano que vem. Em maio de 2014, a companhia também repassaria aos empregados a inflação apurada entre janeiro e abril de 2014.
Os termos da oferta, contudo, não foram aceitos pelas entidades, e a Eletrobras retirou a proposta. No encontro, os executivos afirmaram que entrariam com a ação no TST e pediriam à Justiça que decretasse a abusividade da greve, o que implicaria fim imediato da paralisação.
Protesto no Rio
Os empregados do Grupo Eletrobras voltaram a protestar pelas ruas do Rio de Janeiro na hora do almoço. Em torno de 200 a 300 funcionários partiram da sede da empresa, na Avenida Presidente Vargas, e rumaram à Cinelândia pela Avenida Rio Branco, uma das principais vias do centro do Rio.
Aos gritos de "Dilma e Lobão, ou negocia ou vai ter o apagão" e "Isso não se faz, estão querendo acabar com a Eletrobras", os funcionários fizeram críticas ao Ministério de Minas e Energia, ao Ministério do Planejamento e à diretoria atual da Eletrobras. Até o papa Francisco, em visita ao Brasil por causa da Jornada Mundial da Juventude no Rio, foi citado pelos sindicalistas como o exemplo de austeridade para a administração da Eletrobras, "que deveria cortar as suítes presidenciais e os voos caros".