O vice-presidente de Relações Institucionais da Camargo Corrêa, Marcelo Bisordi, disse nesta quarta-feira, 24, que o governo precisa colocar na rua projetos de infraestrutura mais qualificados para diminuir riscos dos empreendimentos e assegurar a infraestrutura necessária ao crescimento do País. De acordo com ele, esse é um dos motivos para o mercado levantar dúvidas quanto à viabilidade das concessões de transportes planejadas pelo governo no segundo semestre.
Bisordi reconhece que o governo tem o fator tempo como limitador e, por isso, deseja iniciar o processo de concessões o mais rápido possível. No entanto, muitos desses projetos ainda deixam dúvidas quanto ao real custo final, como por exemplo, o Trem de Alta Velocidade (TAV) que vai ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. “Hoje há uma incerteza sobre o risco muito grande”, afirmou, sobre os projetos de concessões.
O executivo sugere que, ao colocar o edital na rua, o governo já tenha pronto um projeto executivo da obra a ser realizada no lugar de um projeto básico, como ocorre atualmente. “Se o governo não colocar na rua um projeto mais qualificado do que está colocando hoje, não vai conseguir a infraestrutura necessária para o País crescer.”
Pela empresa CCR, da qual é acionista, a Camargo Corrêa já investe em concessão de rodovias, mobilidade urbana e aeroportos, mas planeja entrar no segmento de ferrovias de carga. A Camargo Corrêa também tem investimentos no setor de energia por meio da CPFL, no setor de vestuário com a Alpargatas, e no segmento naval com o Estaleiro Atlântico Sul, além de ativos nas áreas de incorporação imobiliária e engenharia e construção.
Mão de obra
Bisordi disse ainda que apenas cerca de 30% da mão de obra contratada para trabalhar nas obras e que passa por treinamento permanece na companhia. A declaração foi feita para ilustrar o problema da falta de trabalhadores qualificados na indústria e a forte concorrência entre as empresas por mão de obra.
De acordo com Bisordi, a escassez de trabalhadores qualificados foi um dos responsáveis pelo aumento dos custos das empresas com mão de obra. No caso da Camargo Corrêa, disse o executivo, a alta nos últimos dez anos foi de 60%, enquanto a inflação avançou cerca de 30%. “O crescimento do Brasil se deu pela entrada de pessoas no mercado de trabalho, e não pela mão de obra qualificada”, afirmou, durante evento da Câmara Americana de Comércio.