Brasília, 26 - Em uma análise ampla sobre o mercado de crédito no país, cujos dados foram divulgados nesta sexta-feira, 26, pelo Banco Central, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, ressaltou que o setor manteve-se em expansão em junho, como já vinha sendo observado ao longo do ano e no encerramento de 2012. "Ao final de junho, a taxa (acumulada em 12 meses) está em 16,4%", afirmou.
A inadimplência total ficou em 5,2% no crédito livre, a menor desde julho de 2011, quando estava em 5,1%. Para pessoas físicas, o índice de 7,2% é o menor desde agosto de 2011 (7,1%). Se forem consideradas também as operações direcionadas, a inadimplência para as famílias está em 5,0%, menor da nova série histórica, iniciada em março de 2011.
A queda, segundo ele, se deve entre outros fatores à educação financeira e ao crescimento do emprego e da renda real desde 2010, quando os atrasos começaram a subir. Além disso, os bancos adotaram postura mais cautelosa na concessão de empréstimos. Segundo Maciel, há indicadores antecedentes de que a inadimplência deve seguir com "evolução favorável à frente". A taxa de 6,5% dos atrasos para pessoa física é o menor patamar da série histórica, que, depois da revisão, tem início em março de 2011.
O técnico também destacou ainda que a expansão do crédito ocorre em ambiente de alongamento de prazos e de redução dos spreads, que recuou ao longo do primeiro semestre de 2013. "Este mês não foi diferente e é consistente em relação ao componente da inadimplência", considerou.
Direcionado
Os dados do Banco Central do primeiro semestre de 2013 mostram desempenho mais forte no crédito direcionado, com destaque para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e para habitação. O estoque do crédito livre desacelerou de 14% de expansão no fechamento de 2012 para 9,7% nos 12 meses encerrados em junho de 2013. Na mesma comparação, a expansão do direcionado passou de 20,5% para 26,6%. Em relação às empresas, a linha capital de giro, que representa cerca de 50% das operações, desacelerou de 18% para 11% no mesmo período.
Maciel disse ainda que os efeitos das manifestações nas ruas em junho "não se fizeram perceber" nos dados do crédito. O recuo nas concessões médias diárias (-3,4% em relação a maio), por exemplo, não pode ser atribuído a isso, pois esse é um dado muito volátil e que não apresenta tendência sazonal definida para este mês do ano. "Não há nada que se possa dizer de que junho caiu por conta de manifestações."