Está orçada em R$ 10,5 bilhões a nova ferrovia que será construída no trecho entre Belo Horizonte e Candeias (BA), próximo a Salvador, totalizando 1.420 quilômetros. A obra será iniciada em janeiro de 2015 e deverá ser concluída dentro do prazo de três anos e oito meses. Haverá o aproveitamento de somente 35% da malha ferroviária existente entre Minas e a Bahia. No novo traçado, a ferrovia será retirada de áreas urbanas de Montes Claros e outras cidades do Norte de Minas.
A informação foi divulgada, ontem à tarde, em audiência pública, em Montes Claros, pelo superintendente substituto da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), André Melo. Ele explicou que será construída uma ferrovia moderna, com bitola larga (1,6 metro), destinada ao transporte de cargas (minério, produtos químicos e agrícolas e outros).
A licitação está prevista para fevereiro de 2014, sendo que a empresa vencedora terá seis meses para elaborar o executivo, a fim de iniciar as obras no princípio de 2015. “Já estamos cuidando do licenciamento prévio junto ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis)”, explicou o representante da ANTT.
Com o novo traçado, o transporte ferroviário de cargas não mais será feito por algumas cidades do Norte de Minas que hoje são cortadas pelos trilhos: Pai Pedro, Catuti, Monte Azul e Espinosa. Por outro lado, o novo traçado vai atingir outras cidades da região como Verdelândia e Gameleiras. Atualmente, a Ferrovia Centro Atlântica (FCA) opera o trecho entre Belo Horizonte e Alagoinhas (BA), que totaliza cerca de 1.700 quilômetros. André Melo explicou que, quando a nova malha for construída, a FCA terá que suspender as atividades no referido trecho.
Com o novo traçado, a malha ferroviária será deslocada para cerca de 10 a 15 quilômetros da área urbana de Montes Claros. Para a retirada dos trilhos de dentro da cidade, será construído um novo percurso ferroviário, que partirá da atual malha existente - no sentido Belo Horizonte - de um ponto próximo ao terreno do Exército e da comunidade rural de Mimoso (a 15 quilometros da área urbana). O novo percurso vai alcançar novamente o atual traçado da linha férrea (no sentido para a Bahia) na comunidade de Toledo, próximo ao Rio Verde.
A retirada dos trilhos da área central da cidade é reivindicada há mais de 20 anos. No entanto, a atual administração municipal anunciou que já elaborou projeto que visa o aproveitamento da malha existente no perímetro urbano para a implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), com financiamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade, do Governo Federal. “Mas, essa questão caberá á sociedade local decidir”, afirmou o superintendente substituto da ANTT.