Parlamentares do PSDB e do DEM criticaram nesta segunda-feira a operação do governo federal para custear a redução média de 20% da conta de luz para os consumidores. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo desta segunda-feira revelou que, diante do fato de o Executivo não ter mais recursos em caixa para bancar as indenizações às empresas do setor elétrico, o Tesouro Nacional terá de desembolsar pelo menos R$ 6,7 bilhões nos próximos anos para arcar com a queda na tarifa de energia anunciada em cadeia de rádio e TV pela presidente Dilma Rousseff, em setembro passado.
"É mais uma trapalhada do governo. É uma demonstração cabal da inépcia do governo Dilma que, mesmo quando procuram um objetivo positivo e meritório, fazem isso de uma maneira desastrada e autoritária", criticou o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP).
O tucano lembrou que, durante a discussão no Congresso da medida provisória que levou à redução da conta de luz, o governo Dilma deu certeza absoluta que a União não iria pagar essa redução. Ele questionou a falta de confiança nas contas públicas. "Reduz-se a tarifa de energia com uma mão e com a outra pega no bolso do contribuinte", criticou.
Desde a tramitação da MP no Legislativo, o presidente do Democratas, senador Agripino Maia (RN), disse que "já sabia" que a conta sobraria para o contribuinte. Para ele, o governo causou um "pandemônio" no sistema energético brasileiro ao obrigar as empresas do setor a aderir ao pacote de renovação antecipada de concessões e, agora, a verdade começou a aparecer.
A oposição pretende aproveitar o convite aprovado antes do recesso parlamentar para o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, comparecer à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado a fim de explicar o aumento das operações entre governos estaduais e organismos internacionais para também cobrar informações sobre o que o governo fez para bancar o reajuste da conta de luz. Ainda não há uma data marcada para a vinda dele ao Senado.
Para o líder do PSDB, Arno Augustin parece ser o "grande mentor" das chamadas manobras contábeis do governo federal. O presidente do DEM, contudo, é descrente quanto aos esclarecimentos do secretário do Tesouro na audiência da CAE. "Se perguntar para o Arno, ele vai negar", disse Maia, para quem a melhor saída nesses casos é continuar a "denunciar" o que considera as manobras fiscais do governo.