O ministro dos Transportes, César Borges, disse hoje que a empresa Renfe, operadora do trem que se envolveu em um acidente recentemente na Espanha, que resultou em mais de 70 mortes, não será impedida de participar da disputa pela construção do trem de alta velocidade no Brasil. Segundo ele, a análise é que o trem que se acidentou não era classificado como de alta velocidade. O edital da licitação não permite a participação de operadoras que tenham se envolvido em acidentes fatais em sistemas de alta velocidade nos últimos cinco anos.
“O governo não quer impedir ninguém de participar, quer o maior número de participação. O trem estava em alta velocidade, lamentavelmente, mas no caso não era de alta velocidade. Eu não sou a comissão que vai avaliar, mas como governo, não há [impedimento]”, disse.
A Renfe é uma das principais empresas interessadas em participar da licitação. Em maio, a ministra espanhola de Fomento, Ana Pastor, confirmara que as três empresas públicas – Adif (administradora de infraestruturas), Ineco (engenharia e economia de transporte) e Renfe (operadora de ferrovias) – formariam um consórcio para participar da licitação do TAV brasileiro.
O governo recebeu da Renfe uma notificação informando que a linha usada pelo trem espanhol mesclaria altas e médias velocidades, e que o trecho onde ocorreu a tragédia não é de um sistema de alta velocidade. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) ainda vai avaliar essa declaração.
Borges disse também que não há previsão de adiamento do leilão do trem de alta velocidade, marcado para o dia 19 de setembro. “Não sei de onde surgiu isso, fico imaginando que deve ser algum interesse de algum concorrente, porque alguns pediram efetivamente para adiar, mas outros pediram para manter. Mas avaliamos que houve tempo suficiente, não tem porque adiar”, declarou.