A sequência de três intervenções no câmbio do Brasil, na quarta-feira, sinaliza que o mercado pode estar testando o Banco Central (BC). A avaliação é da estrategista do Royal Bank of Scotland (RBS), Flavia Cattan-Naslausky. "É difícil interpretar os resultados dos leilões de swap, mas o fato de que não houve negócio na terceira operação de ontem aumenta a preocupação de que o mercado quer testar o BC", diz. De acordo com o RBS, caso o dólar suba muito acima de R$ 2,30 "aumenta significativamente" a chance de uma intervenção do BC no mercado à vista.
Conforme a estrategista do RBS, o atual cenário do mercado cambial do País pode causar distorções. "Este é o problema da intervenção e de uma moeda que não funciona como uma válvula de escape", diz. "Em períodos de estresse, surge um cabo de guerra entre o governo e o mercado para encontrar um nível para o câmbio. Isso (essa disputa) fica cada menos relacionado à oferta e demanda", completa.
Para os próximos dias, Flavia afirma acreditar que o BC deve continuar atuando "de forma agressiva" para defender a moeda brasileira. "O intervalo psicológico entre R$ 2,20 e R$ 2,30 permanece e parece que agora o foco é R$ 2,30", afirma, sobre o preço do dólar no mercado nacional. "No entanto, o atual ritmo de desvalorização não pode persistir sem afetar, negativamente, a inflação e o crescimento", alerta.
Diante do quadro, a estrategista afirma que "seria de se esperar" que o BC passe para a "próxima linha de defesa" da moeda nacional com a oferta de linhas de crédito em dólares. "Depois, há a possibilidade de intervenção no mercado à vista, que foi usada pela última vez em fevereiro de 2009. Uma alta acentuada acima de R$ 2,30 aumenta significativamente a chance de uma ação no mercado spot", diz.