A Bain & Company, empresa de consultoria global, divulgou um estudo sobre a malha rodoviária brasileira este mês. O governo federal se apressa para lançar um pacote de concessões e privatizações de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias em todo o país este ano, no entanto, a privatização e duplicação de cerca de 7,5 mil quilômetros de rodovias federais pode ser pouco diante do que o Brasil ainda precisa. De acordo com o estudo da Bain & Company, seriam necessários 21 mil quilômetros de novas autoestradas, a um investimento de R$ 200 a 250 bilhões para aumentar a integração nacional, acentuar a mobilidade da população e do capital, garantir a segurança das pessoas e do transporte e até mesmo para defesa nacional.
A proposta do estudo da Bain & Company é que o programa seja executado em seis a oito anos - ou ate 15 anos se forem considerados atrasos de licenciamento, desapropriação e execução de obras, que normalmente acontecem no Brasil - e impulsionaria o crescimento do PIB brasileiro em 0,7% a 0,9% por ano diretamente.
O estudo da companhia é focado nas autoestradas - rodovias duplicadas - e compara índices como amplitude e cobertura da rede, condições de segurança e custo dos tranportes, condições de manutenção, nível de investimentos anuais, regulamentação do setor e papel do Estado no investimento e na manutenção da malha viária.
Dados do estudo, revelam que em 2009, o Brasil investiu 0,35% do PIB (R$ 10,9 bilhões) em rodovias, na soma de todas as esferas públicas e as concessões privadas,- seja para ampliação ou para simples reconstrução da malha de estradas. Esse percentual representa um grande avanço em relação a 2003, quando o investimento atingiu o nível mínimo, de 0,11% do PIB, meros R$ 2,6 bilhões a valores da época. No entanto, segundo analistas da Bain & Company, esse nível de investimento não é suficiente para as necessidades brasileiras.
Ainda segundo o levantamento, o Brasil, com cerca de 11 mil quilômetros de autoestradas e uma densidade de apenas 1,3, está muito atrás dos Estados Unidos, China e União Europeia, exemplos para o setor. A rede brasileira de autoestradas não só é muito pequena, mas também fortemente concentrada no centro econômico do Brasil, que são o Sudeste e o Sul.
Os Estados Unidos, que já possuem uma estrutura rodoviária de cobertura nacional construída há décadas, gastaram 0,8% do PIB nas suas estradas em 2008. A China construiu nos últimos 15 anos uma infraestrutura rodoviária que efetivamente conecta o país inteiro com cerca de 85 mil quilômetros de autoestradas. O custo total desse investimento - ainda em curso - não é conhecido fora da China. Mas em 2006 - o ano mais recente para o qual a informação é disponível -, a China investiu cerca de 3% do seu PIB em construção e manutenção de estradas, ou 184 bilhões de reais ao câmbio corrente.
A construção de autoestradas é considerada tão estratégica, que a União Europeia possui um fundo de equalização para os países-membros mais pobres, do qual parcela significativa é dedicada à construção de autoestradas, que conectem as principais cidades dos novos países integrantes à malha já existente dos países mais centrais.