A menor remuneração paga pelos depósitos feitos em caderneta de poupança não diminuiu o apetite do brasileiro pela mais popular modalidade de aplicação financeira. Em julho, os aportes de recursos superaram os saques em R$ 9,331 bilhões, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. Foi a maior captação líquida registrada para meses de julho e o segundo maior resultado da história, ficando atrás somente de junho deste ano.
Apesar desse maior interesse com a aplicação, especialistas em finanças recomendam a poupança apenas para o pequeno poupador, ou seja, pessoas que façam aportes de até R$ 5 mil por ano. Acima desse valor, dizem, é mais vantajoso buscar outras modalidades de aplicações, como os fundos de investimento em renda fixa ou o mercado de renda variável, como a bolsa de valores.
“Para quem vai poupar até R$ 500 por mês, a diferença entre o que a poupança paga e o que outra aplicação mais arrojada oferece é de pouco mais de 1% ao ano. Então, até pela facilidade que é aplicar na caderneta, acaba valendo a pena”, disse o ex-diretor de mercado de capitais do BC, o professor de finanças Keyler Carvalho Rocha, da Faculdade de Economia e Administração (FEA/ USP). Segundo explicou, o investimento em poupança rende menos que outras aplicações, mas acaba sendo vantajoso porque oferece comodidade ao poupador e liquidez imediata para quem deseja sacar os recursos.
Regras
Nessa aplicação, a remuneração obedece a uma série de medidas determinadas pelo governo, como a variação da Taxa Referencial (TR), hoje praticamente zerada, e o patamar em que se encontram os juros básicos da economia, a taxa Selic. Com a queda dos juros no ano passado, que chegaram à mínima histórica de 7,25% ao ano, foi estipulado que, sempre que a taxa caísse abaixo de 8,5% ao ano, a poupança pagaria 70% da Selic. Nos últimos dias, a rentabilidade paga para cadernetas com aniversário entre 27 de julho e 1º de agosto foi de 0,4828% ao mês. A partir de 28 de agosto, essa remuneração poderá passar para 0,5% ao mês, caso o Comitê de Política Econômica (Copom) do BC decida elevar a Selic acima de 8,5% ao ano, conforme prevê o mercado financeiro e até técnicos do governo.