A queda de 3,32% nas tarifas de ônibus urbanos no país foi a principal responsável pela baixa taxa de inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 0,03% em julho. Em sete regiões metropolitanas, houve redução nas tarifas de ônibus nos meses de junho e julho, que tiveram impacto no bolso do consumidor.
%u201CAs tarifas dos ônibus urbanos se reduziram já na metade do mês de junho, por causa das manifestações e, em alguns estados, chegaram a ficar muito mais baratas. É um item muito importante no orçamento das famílias, já que se trata de uma despesa diária, principalmente para o trabalho%u201D, disse a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos. Grande parte dos reajustes de preços foi feita em junho, mas como o cálculo da inflação leva em conta o número de dias do mês, parte da redução teve impacto no mês seguinte. Ou seja, se um reajuste é feito no dia 10 de junho, por exemplo, ele terá impacto em 20 dias daquele mês e em dez dias do mês seguinte. O principal impacto foi observado na região metropolitana de Goiânia, onde houve redução de 10% em 13 de junho. Parte da queda de preços (-4,93%) teve impacto no cálculo da inflação de julho. Em São Paulo, a redução de 6,25% em 24 de junho teve um impacto de -4,46% na inflação de julho. No Rio de Janeiro, a redução foi 6,78% em 20 de junho, parte da qual (-4,84%) foi incluída no cálculo da inflação de julho. Em Curitiba, o reajuste médio de 2,69% ocorreu no dia 1º de julho, logo o impacto ocorreu integralmente naquele mês. Em Porto Alegre, a redução de preços foi 1,75% no dia 4 de julho, por isso, o cálculo da inflação considerou apenas -1,4% do reajuste. Em Belo Horizonte, a queda de preços foi 5,36% no dia 10 de julho, parte da qual (-3,57%) teve impacto na inflação de julho. Com essa contribuição dos ônibus urbanos, o grupo de despesas transportes teve uma deflação (queda de preços) de 0,66% em julho, sendo o grupo que mais influenciou a queda da inflação de 0,26% em junho para 0,03% em julho. Os alimentos também tiveram impacto importante, com deflação de 0,33%, graças a produtos como o tomate e a cebola, que tiveram quedas de preços de 27,25% e 10,9%, respectivamente. Depois do ônibus urbano, esses dois itens foram os que mais contribuíram, isoladamente, para a queda da inflação no mês passado. Segundo Eulina dos Santos, os alimentos vêm tendo quedas desde janeiro deste ano, devido ao aumento da safra brasileira e à menor pressão no preço global dos alimentos. Apesar disso, ela ressalta que os preços dos produtos alimentícios no Brasil ainda estão mais altos do que no ano passado. %u201CAs pessoas continuam pagando mais caro pelos alimentos. De janeiro a julho, os alimentos aumentaram 5,67%. No acumulado dos 12 meses, os alimentos estão 11,42% mais caros%u201D, disse a pesquisadora. Entre os itens que evitaram uma queda maior do IPCA em julho deste ano, estão os empregados domésticos, com alta de preços de 1,45% no mês, e o leite longa vida, com inflação de 5,58%