O governo vem recebendo vários pedidos de reajuste do preço dos combustíveis feitos pela Petrobras, mas ainda não sinaliza se vai atender. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o governo está “analisando” os pedidos da estatal. Ele reconheceu haver defasagem dos preços praticados no mercado doméstico em relação ao internacional, mas não deu garantias se haverá menos interferência governamental na companhia.
De acordo com o ministro Lobão, ainda são necessárias avaliações de impacto de mais um aumento na economia – o último reajuste ocorreu no início deste ano – e essa análise e a decisão passam ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também é o presidente do conselho de administração da Petrobras. O Ministério da Fazenda não comentou o assunto.
Anteontem, o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, disse aos analistas que se os valores dos combustíveis não forem corrigidos, a companhia deverá se endividar acima do previsto no plano de negócios. Economistas que estiveram reunidos no dia 2 com o secretário de Política Econômica, Márcio Holland, em São Paulo, e que sugeriram ao governo intervir menos na estatal estimam que a defasagem dos preços da gasolina e do diesel importados e que são comercializados pela Petrobras no país ultrapassam os 20%.
A medida seria uma das formas para o governo tentar recuperar a credibilidade dos investidores e do mercado. Entretanto, as apostas de que isso ocorra são mínimas porque o governo quer evitar um repique na inflação. Na avaliação do economista-chefe do BES Investimento do Brasil, Jankiel Santos, o governo dificilmente vai ceder aos pedidos da Petrobras. “Não deve vir algum ajuste da gasolina. O governo vai continuar utilizando a estatal para evitar um novo aumento na inflação e, com isso, continuar prejudicando a saúde da empresa e principalmente fazendo com que os minoritários arquem com a defasagem do preço”, afirmou. Ele destacou que, apesar do lucro de R$ 6,2 bilhões no segundo trimestre, a Petrobras tem problemas de caixa e na operação.
NOS AVIÕES Os combustíveis também têm se transformado em um peso extra para as companhias aéreas. As pressões de alta são constantes e prometem afetar os resultados e aumentar os prejuízos das empresas. Segundo o presidente da Gol Linhas Aéreas, Paulo Sérgio Kakinoff, o setor caminha para enfrentar o preço recorde de querosene de aviação e um novo aumento de custos pela depreciação do real, além da perspectiva de redução na projeção de crescimento econômico brasileiro. “O cenário é ainda mais desafiador.”
Ontem, a Gol divulgou seus resultados do segundo trimestre, no qual registrou prejuízo de R$ 433 milhões. Apesar de negativa, a cifra aponta uma redução das perdas da companhia em 39,5% em comparação ao resultado apurado em igual período de 2012, quando o prejuízo líquido atingiu R$ 715,1 milhões. Em seis meses, (janeiro a junho) a cifra negativa chegou a R$ 508,2 milhões, mas o prejuízo líquido recuou 32,8% frente ao primeiro semestre do ano passado.
Para especialistas, a Gol deve continuar trabalhando para reduzir o patamar de endividamento, baixando os seus custos. “Ela traz números que assustam”, diz Pedro Galdi, analista de investimentos da SLW Corretora. Segundo ele, a crise econômica mundial afeta diretamente o mercado da aviação.