A revogação dos aumentos das tarifas de transporte público em São Paulo no final de junho ainda mantém o grupo Transportes em queda firme dentro do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), disse, nesta segunda-feira, 19, o coordenador do indicador, Rafael Costa Lima. A classe de despesa apresentou deflação de 0,56% na segunda quadrissemana de agosto. Os itens ônibus, metrô e integração registraram baixas de 1,76%, 2,01% e 1,77%, respectivamente. De acordo com ele, a revogação das altas aliviou o IPC em 0,09 ponto porcentual. "Sem isso, o IPC seria de 0,26%", disse Costa Lima ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. O item ônibus figurou na primeira posição da lista das maiores influências ponderadas de queda do IPC.
Essa contribuição favorável das tarifas vem perdendo força no entanto nas últimas apurações e tende a desaparecer no encerramento de agosto, segundo a Fipe. Na primeira quadrissemana, por exemplo, a queda de Transportes havia sido de 0,96%. "O impacto vai diminuir bastante na terceira quadrissemana e não será mais visto no fechamento", disse o coordenador, que estima deflações de 0,17% para 0,08% para o grupo na terceira e quarta medições do mês.
Combustíveis
Também o comportamento dos combustíveis tem favorecido a deflação deste conjunto de preços. Na segunda quadrissemana, o etanol registrou recuo de 0,17% e a gasolina, de 0,18%. "E o etanol está com queda acelerada na ponta (pesquisa semanal da Fipe)", comentou Costa Lima.
No campo das altas, o grupo Despesas Pessoais acelerou de 0,69% para 0,75%, pressionado por passagem área e viagem (excursão), que subiram 12,44% e 2,72%, respectivamente. Saúde saiu de 0,50% para 0,59% entre a primeira e a segunda leituras de agosto, ainda influenciado pelos efeitos dos reajustes dos contratos de assistência médica, item que avançou 1,25%. A Agência Nacional de Saúde (ANS) autorizou elevação de 9,04% nos planos de saúde individuais e familiares, com validade retroativa a maio deste ano. "Esse efeito deve continuar aparecendo por mais uma ou duas semanas", avaliou o coordenador do IPC.
O grupo Vestuário, que passou de -0,55% para -0,62%, ainda sente os efeitos das promoções de inverno. O Habitação, que tem a maior participação dentro do IPC, praticamente repetiu a alta anterior, ao passar de 0,35% para 0,34%, sob o impacto da elevação do PIS/Cofins nas contas de energia elétrica. Nesse grupo, Costa Lima atentou para a manutenção da trajetória de alta dos preços dos eletroeletrônicos (+1,55%), sobretudo TV (+1,42%), notebook (+0,75%) e videogame (0,93%), que, segundo ele, estão sentindo a alta do dólar uma vez que utilizam muitos componentes importados. Alguns produtos da linha branca também sentem o câmbio, como máquina de lavar (+1,63%) e geladeira (3,83%). "Mas neste caso (da geladeira), não é só o câmbio, também está pesando a alta do IPI", disse Costa Lima.