A disparada do dólar desencadeou uma reação coordenada do governo nesta quarta-feira, 21, que envolveu a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e a dirigente da maior estatal do País, Maria das Graças Foster, com o objetivo de definir uma nova tática para o câmbio e minimizar o impacto do dólar na economia e na Petrobras.
Ficou acertado que a petroleira deve receber mais um reajuste no preço do óleo diesel e da gasolina, para minimizar seu descolamento de preços. A estatal compra combustíveis lá fora a preços internacionais e vende para o consumidor brasileiro a um valor menor. A situação, que prejudica a empresa há anos, ficou ainda mais delicada com a escalada da moeda norte-americana. Ontem, o dólar fechou a R$ 2,43, a maior cotação desde março de 2009.
O assunto foi debatido pela manhã por Dilma, Graça Foster e os ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Enquanto isso, Mantega discutia parâmetros do Orçamento. Ao longo do dia, o Banco Central ofereceu ao mercado US$ 2,8 bilhões em contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.
No cair da tarde, a assessoria de Tombini informou que ele não participaria mais do tradicional encontro de Jackson Hole (Wyoming, EUA) promovido pelo Federal Reserve, o BC norte-americano. Foi depois de participar desse mesmo encontro em 2011 que Tombini passou a cortar os juros. Minutos depois, o chefe do Comitê de Política Monetária (Copom) encontrou-se com Dilma e Mantega.
Câmbio.
O objetivo do reunião era traçar uma nova tática para a alta do dólar. Não há como impedir totalmente a disparada da divisa, porque trata-se de um movimento de realinhamento global de investidores. Desde o início da crise, o Fed recompra títulos da dívida dos EUA e outros papéis. Esse programa está terminando e vai levar bilhões de dólares de volta aos Estados Unidos. No início da noite, o governo convocou para esta quinta-feira, 22, uma reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN), composto por Mantega, Tombini e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. São eles quem definem medidas como travas ao mercado de câmbio e não costumam se reunir sem tomar decisões.
Prazo.
O grande receio do Palácio do Planalto hoje é que o crescente pessimismo apontado pelo mercado financeiro internacional e empresas nacionais em busca de proteção cambial se prolongue até setembro. Na visão de Dilma, o mês que traz a primavera será "crucial" para a retomada econômica, e, portanto, para preparar o terreno para as eleições de 2014.