O Banco Central (BC) deu continuidade hoje à estratégia de intervenções no mercado de câmbio. As ações do BC para suavizar a alta da moeda americana, no entanto, não têm conseguido impedir a disparada do dólar, uma vez que o Brasil sofre turbulências do mercado financeiro global.
Conforme anunciado ontem, foi realizada hoje mais uma operação de renovação (rolagem) de contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro. Na semana passada, o BC informou que faria esses leilões de renovação de contratos com vencimento em 2 de setembro deste ano. Essas operações também foram realizadas nos dias 16, 19, 20 e 21 deste mês. No leilão de hoje, foram negociados os 20 mil contratos ofertados, com nova data de vencimento em 1º de abril de 2014. A operação totalizou US$ 986,4 milhões.
Também foram realizados hoje leilões de venda de dólares para os bancos, com compromisso de recompra pelo BC. A oferta era de até US$ 4 bilhões, com liquidação da operação de venda pelo BC no próximo dia 26. Na primeira operação, nenhuma das propostas das instituições financeiras foi aceita pelo BC. No segundo leilão, com liquidação de compra no dia 1º de abril de 2014, a taxa de corte ficou em R$ 2,568759. A taxa de venda usada na operação foi a Ptax (média ponderada das cotações de compra e venda diária do dólar) das 11h, de R$ 2,447600. Nesse tipo de leilão, o BC não divulga, no mesmo dia, o valor da operação.
Ontem, a confirmação de que o Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, pretende acabar com os estímulos monetários até meados do ano que vem fez a moeda norte-americana fechar acima de R$ 2,45 e atingir o maior nível em quase cinco anos.
O fator que desencadeou a aceleração do câmbio ontem foi a divulgação, no início da tarde, da ata da reunião de julho do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve. No documento, o Banco Central norte-americano informou que pretende reduzir o programa de compras de títulos públicos (que injetam dólares na economia mundial) ainda este ano e acabar com os estímulos monetários até meados de 2014.
O Fed poderá aumentar os juros e diminuir as injeções de dólares na economia global, caso o emprego e a produção nos Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento e afastem os sinais da crise econômica iniciada há cinco anos. Se a ajuda diminuir, o volume de dólares em circulação cai, aumentando o preço da moeda em todo o mundo.
Em meio às turbulências, ontem pela manhã o BC também fez o leilão de rolagem de contratos de swap cambial, no total de US$ 987,9 milhões. E à tarde, voltou a fazer intervenção no mercado, com uma operação de swap cambial, com vencimento em 3 de fevereiro de 2014. Foram ofertados 40 mil contratos, e negociados 35,6 mil. A operação totalizou US$ 1,774 bilhão.
Além desses leilões, nos últimos meses, o governo brasileiro tem adotado medidas para conter a valorização do dólar. O BC retirou parte do compulsório sobre as apostas de que o dólar vai cair e eliminou restrições de prazos para que os exportadores financiem antecipações de pagamentos.
A equipe econômica também retirou barreiras à entrada de capitais estrangeiros no país. O Ministério da Fazenda zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os estrangeiros que aplicam em renda fixa no Brasil. Desde outubro de 2010, a alíquota em vigor era 6%. A venda de moeda estrangeira no mercado futuro também ficou isenta de IOF.