Brasília – Em alguns anos, será possível comprar imóveis na planta por um preço mais baixo que o atual e também esperar menos para ter as chaves na mão. A expectativa é das próprias empresas, afirmou o diretor-executivo da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Renato Ventura. "Vamos ter melhores ofertas e preços", prometeu. Atualmente, quem compra um apartamento antes do início das obras costuma esperar cerca de três anos até a entrega das chaves. O prazo pode ser encurtado para um ano e meio, segundo Ventura. Quanto aos preços, ele não arrisca um prognóstico, mas espera que possam ser reduzidos significativamente. "O setor tem muito a avançar", afirmou.
Ventura conta com a melhora da gestão das empresas e ganhos tecnológicos. Em anos recentes, por exemplo, as construtoras passaram a usar menos tijolos em obras e mais paredes prontas, feitas com moldes, algo que era raro no país. Ele espera também redução da burocracia por parte das autoridades públicas e de cartórios. "Isso é uma demanda não apenas nossa, mas de toda a sociedade", disse o diretor-executivo da associação de incorporadoras – empresas que cuidam de todo o processo de produção do imóvel, incluindo entre outros itens a compra do terreno, o projeto do imóvel, a construção e a venda.
Ele relata que o país tem um déficit de 7 milhões de moradias, que representa um grande potencial de crescimento. Como outros analistas do setor, acredita, porém, em um crescimento moderado nos próximos anos, que não repetirá o boom ocorrido entre 2006 e 2008, com alta anual em torno de 50%. Não foi um caminho isento de percalços. "Houve tropeços nesse crescimento", reconheceu Ventura, a respeito de empresas que apresentaram rentabilidade abaixo do que era esperado. Após vários processos de fusões de empresas, ele acredita que a solidez e a estabilidade estão de volta ao mercado.
IMPULSO NA BOVESPA As expectativas favoráveis em relação ao setor imobiliário impulsionaram o mercado de capitais ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) fechou no maior patamar dos últimos 11 meses, aos 52.197 pontos, após alta de 1,56%, graças sobretudo às ações de construturas e de instituições financeiras. A ação ordinária (com direito a voto) da Rossi Residencial foi o mais valorizado do dia, com alta de 9,49%.
O papel da Gafisa teve alta de 8,39%. E o da PDG Realty elevou-se 8,39%. Em quinto lugar também veio uma empresa do setor: a Brookfield, com alta de 6,21% no pregão. Analistas de mercado explicaram que a valorização da bolsa foi também favorecida pelo alívio do câmbio com o anúncio de medidas do Banco Central (BC) para conter a alta do dólar.
Um executivo de uma grande construtora que preferiu não ser identificado afirmou que o momento é favorável para empresas do setor que pretendam usar o mercado de capitais para se financiar. "O número de lançamentos neste ano tem sido bem superior ao que era previsto em dezembro", explicou. Segundo esse executivo, a combinação de demanda firme e crédito farto deverão manter a sustentabilidade do crescimento do setor, ainda que não no mesmo ritmo dos picos no final da década passada. (Colaborou Simone Caldas)