Comércio e indústria estão preocupados com o estrago que a alta do câmbio pode provocar nos preços e nas vendas de fim de ano. É bem verdade que, se as projeções de crescimento de 4,5% no volume de vendas se confirmarem, este Natal será modesto comparado com os anteriores, mas ainda positivo. Diante das incertezas, empresários já começam a reavaliar as expectativas e optar por produtos mais adequados ao bolso do consumidor.
"O meu chefe é o cliente e estamos trabalhando para ter produtos que necessitem de um desembolso menor. O consumidor está sensível a preço", diz Alain Benvenuti, vice-presidente do Walmart, a terceira maior rede de supermercados do País. Ele conta que, nas últimas semanas, tem se dedicado a renegociar as compras de importados para o fim de ano. O objetivo é obter descontos entre 5% e 10% para evitar a pressão do dólar nos preços.
Segundo o executivo, as encomendas de importados da rede foram fechadas com muita antecedência e maior parte dos produtos ainda não desembarcou no País. Temendo alguma alta do câmbio, ele diz que foram feitos pedidos de importados 15% inferiores aos do ano passado em volume. E com a cotação do dólar menor do que a atual.
Para compensar a redução nas compras de importados, Benvenuti conta que decidiu ampliar as encomendas de itens nacionais. "Estamos desenvolvendo fornecedores locais para substituir os importados", diz ele. Entre itens nacionais e importados, a rede espera ampliar neste ano em 5% o volumes vendidos neste fim de ano em relação ao mesmo período de 2012.
"O mercado está com receio em relação ao desempenho do final de ano. Com a alta do dólar, há pressão de preço", diz o supervisor geral da Lojas Cem, José Domingos Alves. Mas ele frisa, no entanto, que a sua empresa, especializada em móveis e eletroeletrônicos está otimista e projeta crescimento na casa de dois dígitos na comparação com 2012. "Ainda não começamos a negociar os pedidos", diz o executivo. Ele admite que as negociações com a indústria neste ano serão um pouco mais difíceis por causa dos aumentos de custos, mas pondera que a desaceleração de vendas registrada no mercado não deve fazer com que as lojas sancionem as demandas de reajuste de preço dos fabricantes.
Reza. "Não pensamos mais em crescimento de 10% nas quantidades vendidas de aparelhos de áudio e vídeo e de eletrodomésticos da linha branca", diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros, associação que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos. Nos seus cálculos, a expectativa agora, diante das pressões de custos, é repetir o desempenho de 2012 nessas duas linhas de produtos.
"Vamos rezar bastante", diz ele, ressaltando que, se o empate for alcançado, será muito bom. Já no caso dos eletroportáteis, onde 50% dos produtos são importados e, portanto, sofrem o impacto direto do dólar, a expectativa é de queda de 10% nas quantidades vendidas.
Na avaliação do presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas, Wilson Périco, as indústrias da Zona Franca de Manaus, polo produtor de aparelhos eletrônicos e motocicletas e bicicletas, não é esperado um grande salto de vendas no último trimestre. "Ninguém está fazendo churrasco", brinca ele. O ano de 2012 foi difícil, diz, e todos apostavam que 2013 seria bem melhor, mas isso não está se concretizando. A expectativa de vendas do polo para este ano é de US$ 39 bilhões, com alta 5% ante 2012.
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