A injeção de pouco mais de US$ 40 bilhões no mercado futuro nos últimos meses fez a parcela da dívida pública corrigida pelo câmbio atingir o maior nível em oito anos. Segundo números divulgados hoje pelo Tesouro Nacional, a proporção da dívida pública mobiliária – em títulos – interna corrigida pelo dólar encerrou julho em 3,92%, o nível mais alto desde agosto de 2005 (4,11%).
Os números deste mês só serão divulgados no fim de setembro, mas o fato de que o Banco Central (BC) pretende vender mais US$ 60 bilhões até o fim do ano fará esse percentual aumentar. Apesar disso, o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, disse que o Brasil está preparado para enfrentar uma elevação da dívida cambial porque é credor em dólar no exterior.
Segundo Garrido, se forem confrontadas as reservas internacionais (ativos) – atualmente em torno de US$ 370 bilhões – com a dívida externa (passivos) – atualmente em US$ 314 bilhões, o país leva vantagem. Isso porque uma desvalorização do câmbio aumenta o endividamento externo em reais, mas também aumenta o valor das reservas na moeda brasileira. Ele ressaltou que os contratos em swap cambial (venda de dólares no mercado futuro) são vantajosos para a contabilidade pública porque o país tem mais ativos que passivos no exterior.
Apesar de estar no maior nível em oito anos, a exposição da dívida pública ao câmbio continua em percentuais inferiores aos observados em crises econômicas anteriores. Em dezembro de 1999, a parcela da dívida corrigida pelo câmbio somava 22,82%. Em dezembro de 2002, quando o real sofreu um forte ataque especulativo, a proporção chegou a 37%.