Embora o volume de vendas no varejo brasileiro tenha crescido apenas 3% no acumulado do primeiro semestre, no pior resultado para o período desde 2005 (queda de 1,9%), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mercado nacional de outlets demonstra otimismo. O número de empreendimentos passará de quatro para 10 até o fim de 2014. Pode parecer um avanço pequeno, mas as novas empresas vão aumentar em 390% a quantidade de lojas abrigadas nesses espaços, das atuais 217 para 850. Já a área bruta locável (ABL) subirá 309%, de 40,9 mil metros quadrados para 167,4 mil metros quadrados, segundo a Agência Brasileira de Outlets (About).
Dos quatro outlets em operação no Brasil, dois estão em Minas Gerais. Ambos vão ampliar suas estruturas. O BH Plus, inaugurado em 2011, às margens da BR-356, na divisa de Belo Horizonte com Nova Lima, aumentará o mix de lojas de 40 para 140. Aroldo Soraggi, um dos responsáveis pela administração do local, informou que o investimento supera R$ 70 milhões. Já o Somarcas, construído no Bairro Cidade Industrial, em Contagem, e que completará quatro anos em novembro, ampliará o estacionamento: o espaço para 120 veículos passará a receber 300.
"Nossas vendas vêm crescendo acima de 30% ao ano", comemora o dono do empreendimento, Mário Valadares, que também é proprietário do Shopping Oi. Apenas para recordar, os outlets surgiram nos Estados Unidos, na década de 1930, e têm como principal característica oferecer produtos com preços abaixo do mercado %u2013 os descontos podem chegar a até 80% em algumas lojas. Na prática, a maior parte das mercadorias é de coleções passadas, o que justifica os valores nas vitrines.
Porém, como marketing para fisgar a clientela, algumas lojas oferecem, em poucas quantidades, mercadorias da moda atual. No Brasil, há quatro empreendimentos em operação. Além do Somarcas e do BH Plus, há o Premium, em Itupeva (SP) e que foi fundado em 2009, e o Premium Brasília, em Alexânia (GO). Até o fim deste ano, entrarão em operação mais três: em Novo Hamburgo (RS), Salvador (BA) e São Roque (SP). Em dezembro do ano que vem, mais três estarão em atividades: em Araçariguama (SP) , Camboriú (SC) e Fortaleza (CE), de acordo com a About (veja quadro).
No rastro dos EUA
A expansão desse tipo de comércio mostra que o consumidor percebeu o quanto é vantajoso comprar mercadorias boas a preços abaixo do mercado, mesmo sendo de coleções passadas. A expansão do setor, porém, ainda está longe de acompanhar o mercado de outlets nos Estados Unidos. Na terra do Tio Sam, há 185 empreendimentos. Juntos, eles ocupam 7 milhões de metros quadrados de áreas construídas. Especialistas avaliam que, lá, há potencial para que o indicador chegue a 12 milhões de metros quadrados de área construída.
"O consumidor brasileiro está ávido por outlets que tragam boas oportunidades de compra. Há, no Brasil, um número muito grande de regiões que preenchem todas as características necessárias para a viabilização desse tipo de comércio. Nos próximos 10 anos, o número de outlets no Brasil será triplicado", sustenta André Costa, diretor geral da About, primeira empresa de consultoria no setor brasileiro.
Consumidores atrás de descontos
O administrador Iuri Mendonça e a empresária Giselle Carvalho se surpreenderam com os descontos anunciados nas vitrines de um outlet mineiro. “Obviamente que temos menos opção de escolha (diversidade de produtos), mas a questão é o custo-benefício. Vale a pena visitar empreendimentos dessa natureza”, avaliou o rapaz.
Diante de uma vitrine com o chamativo de mercadorias com até 80% de desconto, Giselle sugere aos consumidores uma visita aos outlets: “Os preços são mais em conta”. É a mesma opinião do estudante de direito Vinícius Henrique Assis, que tem costume de fazer compras num outlet mineiro.
“Há bons preços e boas mercadorias. A pessoa precisa pesquisar. Em média, os produtos que adquiro aqui saem 0% mais baratos do que no comércio tradicional”, afirma o rapaz enquanto percorre os corredores de um empreendimento ao lado da pedagoga Caroline Santoro e da pequena Júlia.
Pesquisar é o verbo que precisa ser seguido por todos os consumidores. Nos outlets, embora os preços saiam mais em conta do que os praticados nos shoppings convencionais, os clientes precisam gastar solas de calçados para garimpar os melhores preços. (PHL)