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Estado de Minas

Concursos abrem 90 mil vagas no país

Governo abre quase 70 mil postos de trabalho para o ano que vem. Em 2013, ainda há mais de 21 mil oportunidades


postado em 02/09/2013 06:00 / atualizado em 02/09/2013 07:47

Brasília – O governo pretende preencher 66.678 postos de trabalho no setor público em 2014. Com as mais de 21 mil vagas abertas em concursos este ano, são quase 90 mil oportunidades para os concurseiros até o fim do ano que vem. Algumas inscrições terminam hoje, mas ainda há tempo e muitas vagas para quem quer seguir a carreira pública, garantir estabilidade no emprego e ter salários mais altos do que os pagos pela iniciativa privada.

Com a obrigação de economizar para conter os gastos públicos e reequilibrar a economia do país, o governo surpreendeu ao anunciar a abertura de quase 70 mil vagas para o ano que vem. Entretanto, há quem diga que mesmo este montante será insuficiente para suprir a real necessidade de mais servidores públicos. “Havia expectativa de que, em 2014, o governo iria reduzir o número de certames. Mas o país precisa de serviços públicos de qualidade. Teremos eventos importantes, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, e, além da infraestrutura, são necessários mais funcionários”, explicou o professor de direito penal para concursos Gladson Miranda.

Na avaliação de Miranda, as manifestações que tomaram as ruas do país em junho mostraram a indignação da população com a precariedade do serviço público. “Acho que o governo se deu conta disso e há expectativa de que sejam abertas cada vez mais vagas”, analisou. De olho nas oportunidades, as salas de aula de cursos preparatórios estão lotadas de candidatos.

O estudante João Paulo de Lima Senísio, de 26 anos, decidiu encarar, há um mês, as aulas para entrar no serviço público. Estuda o módulo introdutório e ainda não escolheu qual carreira pretende seguir. “Quero algo nas áreas judiciária ou policial. Hoje eu trabalho na iniciativa privada e me decepcionei com a insegurança e a remuneração. Quero estabilidade. Fiquei surpreso com a abertura de tantas vagas, a expectativa era de que fossem cortar concursos. Espero ter tempo hábil para estudar”, afirmou.

O presidente do Grupo VestCon – um dos maiores do país em preparação para concursos –, Ernani Pimentel, explicou que, apesar de surpreender com as 66,6 mil vagas previstas para o ano que vem, a real necessidade do país é de 10 vezes mais servidores. “Hoje, o Brasil precisa preencher pelo menos 600 mil vagas para ter um serviço público de qualidade. A população não aguenta mais ser mal atendida, ficar esperando por soluções que não chegam porque falta pessoal qualificado. Faltam médidos, policiais, fiscais”, alertou.

Legislação
Na opinião de Pimentel, a falta de realização de concursos para atender a real necessidade do país só se justifica porque há interesse de partidos em colocar seus correligionários em cargos públicos. “Hoje, 40% dos cargos públicos são comissionados, ocupados por indicação, e dos 60% restantes, 20% são de pessoas sem concurso”, destacou. Por isso, ele defende a aprovação de um projeto que está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e que pretende regulamentar a Lei Nacional de Concursos Públicos. “Ela prevê que a contratação será somente via certame e estipula um prazo mínimo entre o edital e a prova. Isso porque, quando os prazos são muito curtos, permitem que os apadrinhados comecem a estudar antes e fiquem em vantagem em relação aos outros candidatos”, disse. Outra determinação é que todos os aprovados sejam contratados.

As colegas Miriam Alencar Rodrigues, de 32, e Camilla Mendonça, de 31, estudam juntas para o concurso de auditor fiscal do Ministério do Trabalho, com provas marcadas para domingo. Na reta final, as duas se dedicam exaustivamente para passar. Miriam, que está noiva e vai se casar no final do ano, espera ser aprovada para garantir uma vida mais tranquila. “O serviço público tem algumas regalias. Além da estabilidade, há planos de aposentadoria melhores”, salientou.

Camilla se revolta com o corte nas vagas. “Não entendo as intenções do governo. Um estudo do Ipea (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) diz que a necessidade do país é de 5 mil novos auditores fiscais. O Ministério do Trabalho solicitou 600 vagas e o governo aprovou apenas 100. Enquanto isso, a população fica sem atendimento”, lamentou.


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