Os chineses ainda acham "caro demais" o novo iPhone apresentado na véspera pela Apple, mas os japoneses já fazem fila em Tóquio para comprar este novo objeto do desejo que três operadoras oferecem a preços muito competitivos.
O novo iPhone 5C, que vem nas cores azul, branca, rosa, amarela e verde, será comercializado nos Estados Unidos por US$ 99 (75 euros) na versão 16 megabytes com uma assinatura mais acessível do que o das versões anteriores.
Mas na China, onde há smartphones vendidos a 75 euros e onde a Apple só controla 5% do mercado, o iPhone 5C custará 4.488 iuanes (550 euros), apenas um pouco mais barato do que o iPhone 5. O iPhone top de linha, O 5S, está à venda a partir de 5.288 iuanes (650 euros). "Achava que a versão barata, o 5C, seria vendida a 1.000 ou 2.000 (iuanes)", lamentava um internauta na rede Weibo. "É esta a versão supostamente mais barata? Realmente acham que somos imbecis", queixava-se outro.
Acontece ainda que na China as operadoras não oferecem aos seus assinantes os descontos sobre os aparelhos no ato da compra. No Japão acontece o contrário: com frequência o cliente pode sair de uma loja com seu novo iPhone no bolso sem pagar um único iene, e o preço cobrado para pagar o aparelho é devolvido quase integralmente por meio de um desconto na mensalidade.
A maior operadora de serviços de telefonia móvel japonesa NTT Docomo oferecerá estes novos iPhones aos seus 62 milhões de assinantes. A NTT Docomo era até agora a única das três grandes operadoras japonesas a não propor esta popular gama de aparelhos.
Essa "lacuna" teria feito a NTT Docomo perder 3,5 milhões de clientes, que forma então para as grandes concorrentes, a SoftBank e a KDDI. Agora, a concorrência vai ser reforçada a favor dos clientes, que poderão obter assim preços mais atraentes.
A distribuição do iPhone pela NTT Docomo também é uma boa notícia para a Apple, que perde terreno para a sul-coreana Samsung, cuja fatia no mercado mundial (mais de 30%) é o dobro da gigante americana.
Mas o fato de o iPhone se somar ao catálogo da NTT Docomo representa também um duro golpe para os fabricantes japoneses de smartphones, praticamente ausentes nos mercados internacionais - exceto a Sony -, e que inclusive sofrem no mercado nacional. Recentemente, a NEC anunciou que jogava a toalha e a Panasonic estaria a ponto de fazer o mesmo.
Essas empresas já tinham sido afetadas pela recente estratégia da NTT Docomo, chamada "Two top", que privilegia a venda de celulares Samsung e Sony. Esta tática de luta contra a força do iPhone não bastou e o produto estrela da Apple acabou impondo-se como uma necessidade.