O bom resultado do varejo em julho, divulgado nesta quinta-feira, 12, pelo IBGE, não é explicado apenas pela influência do programa Minha Casa Melhor, avalia o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio Leal. "O programa puxou a parte de móveis e eletrodomésticos, mas não dá para explicar toda a alta", disse Leal. "Não dá para explicar o avanço de 5,4% em vestuário, por exemplo, pelo Minha Casa Melhor", exemplifica.
A previsão do ABC Brasil era de alta de apenas 0,2% no varejo em julho ante junho, mas o número veio bem mais forte, em 1,9%. "Em supermercados, por exemplo, a redução da inflação de alimentos pode ter ajudado. No varejo ampliado, a recuperação do setor de construção civil", comenta. "É um número bastante forte, corrobora a volatilidade dos dados que temos visto. Não parece ser uma tendência, mas uma recuperação de alguns setores."
O economista prefere não fazer previsão para o dado de agosto, que ainda será revisado pelo ABC Brasil. "Julho teve dados muito ruins de confiança e resultados bons de venda. Agosto tivemos dados muito bons de confiança", comenta. "Ninguém esperava que em um cenário com queda de confiança tão grande fôssemos ter um mês tão bom de vendas", completou, sobre julho.
Leal ressalta que, diante da volatilidade, é importante observar o resultado acumulado em 12 meses (alta de 5,4%). "Quando olhamos o acumulado 12 meses vemos uma estabilidade com viés de baixa. Não uma queda, mas tendência de desaceleração", completa.