Brasília – Os Estados Unidos devem oficializar hoje a saída da crise econômica global, exatamente cinco anos após a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, no episódio que deflagrou as tensões que levaram as principais economias do mundo para o atoleiro, a partir de setembro de 2008. Para analistas de mercado, é praticamente certo que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai anunciar hoje a reversão do seu programa mensal de estímulos, o que, na prática, significa dizer que, pelo menos para a maior economia do planeta, o pior já ficou para trás.
Desde 2009 os Estados Unidos vêm injetando bilhões de dólares mensalmente nos mercados financeiros, numa tentativa de produzir, ainda que artificialmente, algum estímulo para que bancos continuem emprestando dinheiro e que consumidores saiam às lojas e gastem seus salários e aposentadorias. Atualmente, o volume desses aportes é de US$ 85 bilhões, feitos a partir de compras de apólices de dívida do governo norte-americano e de hipotecas podres de casas, os títulos subprime, que, originaram a crise de 2008. A aposta do mercado é que essas compras sejam reduzidas para algo como US$ 70 bilhões ao mês, o que representaria US$ 15 bilhões a menos circulando nos EUA.
“Se vier algo muito incerto em relação a esse cronograma, isso contribuiria para elevar ainda mais a desconfiança a respeito dos próximos passos do Fed”, disse. Para Costa, a redução dos estímulos é baseada na crença de que a economia norte-americana vai começar a mostrar resultados mais sólidos, e que o empurrão dado por esse programa de compras, enfim, fez os Estados Unidos “pegarem no tranco”. Na opinião dele, as injeções de dinheiro deverão continuar até pelo menos meados do ano que vem, movimento que é condizente, disse ele, com o perfil do atual presidente do Fed, Ben Bernanke.
O mercado e a realidade
O mercado acredita que o programa de compras de títulos será mantido enquanto for necessário. A crença foi reforçada após a desistência do ex-secretário do Tesouro dos EUA Lawrence Summers de concorrer à vaga que será deixada por Bernanke no comando da autoridade monetária norte-americana. Dados divulgados ontem mostram que, embora em recuperação, a economia dos EUA ainda patina na questão do bem-estar. O percentual de norte-americanos que vivem na pobreza, o equivalente a 46,5 milhões de pessoas, se manteve estável em 15% no ano passado, após vários anos de alta num período de recessão, enquanto o número de pessoas sem seguro-saúde caiu ligeiramente de 15,7% para 15,4%, o equivalente a 48 milhões, segundo dados do governo dos EUA divulgados ontem.