Brasília – O ministro das Minas e Energia, Édison Lobão, classificou nessa quinta-feira de “interpretações equivocadas e pessimistas” as críticas feitas pelos analistas na véspera em relação ao desinteresse das três maiores petroleiras do mundo em participar do leilão do campo de Libra, marcado para 21 de outubro. “O governo está plenamente convicto de que o certame será vitorioso, até porque outras sete dentre as maiores do mundo confirmaram a sua presença”, disse ele a jornalistas. Na sua avaliação, a desistência de “duas ou quatro” se deve ao planejamento interno e estratégico de cada uma, o que não impede novas investidas delas em outras oportunidades de exploração no país.
Para ele, o êxito da licitação da maior descoberta de petróleo e gás da história do país e estreia da briga pelo pré-sal dentro do modelo de partilha está garantido por “regras claramente estabelecidas”. Nesse sentido, o ministro não vê desconforto nem mesmo se as 11 companhias inscritas — Petrobras, Shell, Ecopetrol, Petrogal, Total, Repsol Sinopec Brasil, Mitsui, ONGC, Petronas, CNOOC e CNPC — formem um único consórcio.
Lobão reconhece que as regras do novo marco regulatório são mais rígidas de que as da simples concessão, “em nome da defesa do interesse do povo brasileiro”, mas “não há nada de errado nelas”. “Essas normas em nada complicam a vida das companhias convidadas a disputar o leilão. Prova disso está na lista de candidatos confirmada na quinta-feira pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), pivô das especulações negativas sobre o desfecho do processo, algumas delas vindas da própria base de apoio do governo no Congresso.”
Na sua avaliação, são improcedentes as avaliações de economistas e do próprio Tribunal de Contas da União (TCU) de que o Planalto demorou a definir o edital do leilão. “O maior tempo gasto foi para elaborar a nova legislação, para que estivesse à altura do desafio do pré-sal”, resumiu.
Caixa As graves restrições de caixa da Petrobras não foram — na opinião do ministro — a principal razão que impediu a estatal de levar adiante o projeto de explorar 100% da área de Libra, no pré-sal da Bacia de Campos (RJ). Ao tentar minimizar o lamento externado na última quarta-feira pela presidente da companhia, Graça Foster, durante audiência pública no Senado, ele garantiu que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), sob a sua presidência, “até poderia ter decidido” por destinar toda a operação do campo à estatal. E só não tomou a decisão “para permitir que todas as demais tivessem a chance de participar desse momento único, em meio a um oceano de óleo”.