Sem nova proposta dos bancos, a greve dos bancários entrou no sexto dia e já provoca transtornos na vida dos clientes, apesar do elevado número de terminais de autoatendimento à disposição dos consumidores. Em Belo Horizonte, de acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários de BH e Região, Clotário Cardoso, 49% das 730 agências bancárias e prédios administrativos espalhados nos 84 municípios que formam a base da entidade fecharam as portas. No país, de acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), 9.015 agências e centros administrativos aderiram à paralisação.
Os bancários pedem reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real, além da inflação), participação nos lucros e resultados de três salários mais R$ 5.553,15 e piso salarial de R$ 2.860,21, entre outras reivindicações.
“A greve continua amanhã (hoje). A mobilização está aumentando em todo país. Estamos vendo isso, inclusive no Banco do Brasil, em que o movimento começou fraco, mas agora apresenta um quadro razoável”, disse Cardoso. De acordo com o sindicalista, entre as agências que fecharam as portas, 139 eram da Caixa, 78 do BB e 134 de bancos privados.
Na tarde de ontem, a desempregada Renata Jesebel Santos Pinheiro foi a uma agência da Caixa para sacar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Ela perdeu o emprego e resolveu usar o dinheiro do benefício para alugar uma loja na Feira Shop. Com a greve, o aluguel já está correndo, mas ela não tem dinheiro para comprar as mercadorias e começar a trabalhar outra vez. “Estou tentando procurar uma agência da Caixa aberta desde cedo. Ninguém informa quais estão abertas e nem quando abrirão. Já tentei no Shopping Cidade, na Silviano Brandão e agora aqui (na Rua Tupinambás). Estou perdendo dinheiro porque vou ter que pagar o aluguel e não posso montar a loja”, desabafou.
A arrumadeira Marta Maria Xavier Vieira mora em Nova Lima, na Grande BH, mas tem conta bancária em Belo Horizonte. Ontem, ela veio ao Centro da capital pata tentar conversar com o gerente, mas não conseguiu. “A greve atrapalha a vida das pessoas. A gente sempre tem uma dúvida ou um cheque que voltou e não dá para resolver o problema no caixa eletrônico”, sustenta.
Correios
Trabalhadores dos Correios também em greve protestaram, na manhã de ontem, em frente ao Centro Operacional da empresa no Bairro Universitário, na Região da Pampulha. Os trabalhadores bloquearam a entrada no Anel Rodoviário, impedindo a entrada de veículos e de outros empregados. Segundo a Polícia Militar, a mobilização contou com cerca de 300 funcionários. O número diverge da nota divulgada pela empresa, que relatou apenas 50 empregados na manifestação.“O setor tem cerca de 1,3 mil funcionários, mas está totalmente parado. Das 700 pessoas que vieram trabalhar, 400 voltaram para casa”, afirmou Pedro Paulo de Abreu Pinheiro, secretário geral do sindicato da categoria.
Entre as reivindicações dos funcionários está o reajuste salarial de 47%, sendo 7,3% referente à inflação, 20% de perdas anteriores e 15% do aumento real. Procurada pelo em.com.br, a estatal informou que os Correios já conseguiram uma liminar na Justiça do Trabalho, com o objetivo de garantir o acesso ao trabalho dos empregados que não aderiram à paralisação. "Caso o sindicato descumpra a liminar, poderá ser imposta multa diária de R$ 50 mil", informou.