Varejo fatura na onda de calor

A temperatura subiu e as vendas aceleraram. A primavera com cara de verão fez o comércio de sorvetes, água, refrigerante, cerveja, gelo e ventiladores crescer até 200% nos últimos dias. O consumidor buscou produtos para se refrescar e o resultado foi o caixa mais gordo nas fábricas e revendedores. Se as temperaturas se mantiverem altas, os empresários apostam em um segundo semestre de bons negócios.

Desde sábado a procura por ventiladores na Casa do Vento, no Bairro Gutierrez, cresceu em torno de 200% em relação a dias normais. “Estávamos só esperando o calor”, comemora o gerente da loja, Eduardo Ferreira. Antes, diz, o período da noite estava mais fresco. “Esperamos que a fábrica consiga suprir a procura durante o verão”, afirma Ferreira. Na loja há ventiladores com preços que vão de R$ 49,90 a R$ 1,29 mil.

A professora Claudete Maria Santos tem três ventiladores em casa, mas comprou outros dois. “Queria um mais prático para o quarto, para colocar na prateleira”, afirmou. “O calor pegou a gente de surpresa no fim de semana.”

Na Sorveteria Alessa, em Lourdes, as vendas de sorvete cresceram 40% desde sexta-feira. “E a segunda-feira, que costuma ser um dia fraco de vendas, foi de bom movimento. Tivemos muita gente nova na loja”, diz a gerente Geovana Leal. A marca, que acabou de abrir uma unidade no Pátio Savassi, vende a bola de sorvete por R$ 9 e três bolas a R$ 23. “No calor é bom porque cresce a procura, não só de sorvete como de sobremesas”, diz Geovana.

Para se refrescar, o programador Ítalo Santiago de Carvalho trocou o lanche da tarde por um pote de sorvete. “Fazia um mês que eu não tomava, mas o pessoal do trabalho sugeriu lanchar sorvete no lugar de pão de queijo e refrigerante”, diz Carvalho. O casal Cláudia de Andrade e Vinícius Ferreira Moreira também aproveitou as altas temperaturas e substituiu o tradicional lanche por sorvete. “No inverno, não tomamos.”

A venda de sorvetes no Brasil ainda é associada ao calor, observa Juliana Scucato, gerente da Sorveteria Easy Ice, com três unidades na capital (Pátio Savassi, BH Shopping e Funcionários). “No sábado e no domingo, a nossa venda de sorvete e açaí cresceu 40%”, observa Juliana. A sorveteria conta com 76 sabores de sorvete e o quilo é vendido a R$ 59,80.

O reflexo do calor nas vendas de água deve ocorrer na próxima semana, afirma Robison Fortes de Araújo, diretor da água mineral Ingá. “Já tive informação de que as vendas se aqueceram nos últimos dias, mas o reflexo deve ser maior na próxima semana”, diz Araújo. A venda de água, diz, está ligada ao calor e à baixa umidade do ar. “A chuva é a maior barreira, até mais que o frio”, afirma Araújo. Segundo ele, as vendas de água estão crescendo de 4% a 5% ao ano.

Na Global Bebidas, que comercializa água, cerveja, refrigerante e gelo, as vendas dobram no verão. “Nosso ramo depende das altas temperaturas para vender. E o final de ano impulsiona o mercado de gelo e bebidas”, diz Carlinton Bosco Barcelos, gerente de vendas.

Na choperia Albano’s, as vendas no fim de semana cresceram 10%. “O calor já é de verão e a venda de cerveja é diretamente proporcional ao calor. Se continuar assim, vamos ter uma boa primavera”, diz Rodrigo Ferraz, gestor das unidades Funcionários e Lourdes.