Apesar de a inadimplência do consumidor estar em queda, a reincidência do calote é elevada. Mais da metade (56,4%) dos consumidores que limparam o nome voltou a ficar inadimplente um ano após ter renegociado a dívida, segundo estudo feito entre setembro de 2011 e maio deste ano pela Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).
Num prazo mais curto, de três meses, três em cada dez consumidores que renegociaram suas dívidas ficaram novamente inadimplentes. O trabalho foi realizado na base de dados da companhia, que reúne 350 milhões de informações comerciais sobre consumidores e empresas, a maioria de CPFs (Cadastro de Pessoa Física).
“Esse resultado é um alerta para que o inadimplente faça um acordo pautado por um planejamento que possa ser cumprido”, afirma o diretor de Inovação e Sustentabilidade da Boa Vista Serviços, Fernando Cosenza. Ele observa que o estudo é inédito. Portanto, não é possível traçar a evolução desse indicador de reincidência de inadimplência do consumidor.
De toda forma, na avaliação de Cosenza, dois fatores explicam esse resultado. O primeiro fator é estatístico. Isto é, com a expansão do crédito, aumentaram as possibilidades de inadimplência, tanto na primeira como na segunda vez, após renegociação das dívidas. “O número de pessoas renegociando dívidas atrasadas aumentou e o número de potenciais reincidentes também.”
Planejamento
O segundo fator, que na avaliação do especialista é o principal, diz respeito a forma como são feitas as renegociações. Ele diz que, imbuído de acertar as contas atrasadas e aproveitar os descontos oferecidos pelos credores, o inadimplente acaba não fazendo as contas direito. “Falta planejamento financeiro.”
Embora o estudo não tenha informações sobre o perfil do reincidente nem os motivos que o levaram a essa condição, Cosenza não acredita que o consumidor tenha sido levado a deixar de pagar as contas em dia porque voltou a consumir mais.
“Esse resultado não é preocupante”, diz o economista da Associação Comercial de São Paulo, Emílio Alfieri. Isso porque o calote do consumidor está em queda. Em agosto, o calote recuou para 4,8%, aponta o BC.