As obras da fábrica de chips SIX Semicondutores, que está sendo erguida em Ribeirão das Neves, na Grande BH, foram desaceleradas em função dos problemas que vêm sendo enfrentados pelo grupo EBX, do empresário Eike Batista, que detém um terço das ações da companhia. A informação é do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também sócio da SIX (33,02% do capital). A instituição está à procura de um novo sócio para a empresa, mas afirma que possui recursos para prosseguir com as obras por pelo menos seis meses.
“A situação não é preocupante no momento. O projeto é de grande importância para o país e tem muitos méritos. Passado o período mais difícil (para o grupo EBX), teremos um novo sócio. Esse projeto é prioritário para o BNDES”, disse o diretor da Área Industrial e de Mercado de Capitais do banco de fomento, Júlio Ramundo. Ele afirmou também que a fatia que a EBX ainda precisa aportar no projeto corresponde a cerca de 10% do total dos investimentos previstos para que a fábrica entre em operação. A instituição não informa como ficará o desenho do negócio com a entrada de um novo sócio.
O presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais (BDMG), Matheus Cotta de Carvalho, informou que a instituição, como acionista do empreendimento, e o governo de Minas acompanham atentos o processo, coordenado pelo BNDES, de busca de um sócio substituto da EBX. "O caso é do máximo interesse do estado em razão de se tratar de um investimento estratégico e o ideal é que a situação seja resolvida até dezembro", afirmou.
Em julho, conforme informou reportagem do Estado de Minas, as obras da fábrica de circuitos integrados entraram na fase de fechamento do prédio principal e término do trabalho de alvenaria interna. Naquele mês, o cronograma de instalação da primeira unidade fabril de semicondutores da América Latina seguia sem alterações, a despeito da reestruturação das chamadas empresas X.
CALOTE A petroleira OGX, do grupo EBX, não pagou juros sobre bônus no exterior que venceriam ontem. Em fato relevante, a petroleira informou ao mercado que “optou pelo não pagamento das parcelas referentes aos juros remuneratórios, no valor aproximado de US$ 45 milhões”. Os juros se referem à dívida de US$ 1,1 bilhão em bônus com vencimento em 2022 e o calote já era amplamente esperado em função da situação delicada por que vem passando o grupo EBX.
O fracasso da empresa ao não pagar os juros das notas seniores para 2022 fez com que a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) rebaixasse o rating de crédito corporativo em escala global da OGX Petróleo e Gás Participações, de CCC- para D. Além de provocar seu rebaixamento na classificação de crédito, o calote anunciado coloca em risco o futuro de outras empresas brasileiras que pretendem abrir capital, provoca volatilidade na bolsa brasileira e arranha a credibilidade de bancos públicos do país, como o BNDES e a Caixa Econômica Federal, que apostaram alto nas empresas de Eike. A empresa informou que tem 30 dias para adotar as medidas necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida, o que não foi suficiente para alterar o humor dos investidores. (Colaboraram Marta Vieira e Simone Kafruni)