Em greve há 15 dias, os bancários da Grande BH seguem mobilizados. De acordo com o sindicato da categoria, ontem, pelo menos 63% das 730 agências bancárias e prédios administrativos espalhados nos 84 municípios do estado que formam a base da entidade funcionaram exclusivamente com autoatendimento.
Quem vai a alguns bancos da capital, se depara com uma situação inusitada. As fachadas das agências são transformadas em 'porta do inferno'. Hoje, os trabalhores estão reunidos em frente ao HSBC da Savassi. Ontem, a concentração foi na Caixa, no Bairro Sion, onde também foi instalado todo o aparato, com direito a banda de música, alto falante e caixa de som. O protesto é "para denunciar a condição infernal vivida pelos empregados", segundo o Sindicato dos Bancários de BH e Região. Logo na entrada, os clientes se deparavam com a frase: "Vem pro inferno você também! Vem!", com o próprio presidente do sindicato e funcionário da Caixa, Clotário Cardoso, vestido de diabo.
Nesta quinta-feira, o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), se reunirá em São Paulo, para fazer uma avaliação da segunda semana da greve da categoria.
Em todo o país, foram mais de 11.156 mil agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em greve nos 26 Estados e Distrito Federal, segundo o Contraf-CUT. De acordo com o presidente da Confraf-CUT, Carlos Cordeiro, essa é a maior paralisação já realizada pelos bancários nos últimos 20 anos. A greve começou no dia 19 de setembro, quando foram fechados mais de 9 mil agências e centros administrativos em todo o País.
"Os bancários estão indo paras as ruas em manifestações e passeatas, em muitos Estados, junto com outras categorias de trabalhadores, como ocorre esta semana com os petroleiros, para demonstrar sua indignação com os bancos", declara Cordeiro. Ele reclama que os bancos, no Brasil, "têm maiores lucros e a mais alta rentabilidade do sistema financeiro internacional". "Pagam salários milionários a seus executivos e desrespeitam os trabalhadores que produzem esses resultados", afirma.
A única proposta feita pelos bancos foi no dia 5 de setembro, há quase um mês. Rejeitada pelos bancários em assembleias realizadas em todo o País no dia 12, a oferta de 6,1% apenas repõe a inflação do período pelo INPC e ignora as demais reivindicações econômicas e sociais.
"Vamos reforçar ainda mais o movimento para quebrar a intransigência da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) e arrancar uma proposta decente com conquistas econômicas e sociais para a categoria, bem como garantir avanços nas negociações das pautas de reivindicações específicas com os bancos públicos", salienta Carlos Cordeiro.
O Comando Nacional representa um total de 143 sindicatos e 10 federações, totalizando mais de 95% dos bancários de todo Brasil. Além das entidades integrantes, participam como convidados os coordenadores das comissões de empresas dos trabalhadores dos bancos públicos federais.
Procurada pela reportagem do em.com.br, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) informou nessa quarta-feira que "até o momento, não há novidades para acrescentar".