A paixão pelo futebol e o bom momento do Cruzeiro e do Atlético, os dois principais clubes mineiros, estão aumentando o faturamento dos bares que exibem as partidas de futebol em Belo Horizonte. Nos dias de jogo, o faturamento pode até triplicar, como ocorreu com o Galo durante a Libertadores e vem acontecendo com o Cruzeiro no Brasileirão. Lucram mais os bares que se posicionam por um dos times, mas também há espaço para engordar o caixa naqueles que exibem os jogos dos dois times. De acordo com Fernando Júnior, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), para lucrar com a presença das torcidas, os donos dos estabelecimentos devem se posicionar.
“Cada bar tem que se conceituar. Estamos próximos de um grande evento futebolístico. É preciso haver espaço para juntar as pessoas. O bar é um local democrático”, avalia Júnior. No Sagrada Família, a Pizzaria do Gaúcho anda faturando até três vezes mais do que em dias de jogos comuns com a boa performance do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro. Alexandre Rossi Muradas, um dos proprietários da casa, comanda um bar de cruzeirenses num bairro com presença massiva de moradores atleticanos. “Aqui a entrada de atleticanos não é proibida, a gente até exibe os jogos do Atlético, mas, quando os dois times estão disputando no mesmo horário, a prioridade é da Raposa”, explica.
Segundo ele, nos dias de jogos, o faturamento aumenta 100% comparado com o do fim de semana. Em geral, numa quarta-feira comum, a pizzaria fica com uma ou duas mesas ocupadas. Na quarta passada, durante Cruzeiro X São Paulo, a casa estava lotada, os tira-gostos saíam a todo momento, acompanhados de cerveja gelada. “Com uma campanha boa, como a do Brasileirão, a gente mais que triplica o faturamento. No caso de uma campanha regular, a cada domingo, durante o jogo, o estabelecimento vende cerca de 20 caixas de cerveja. Agora, esse número é superior a 25. O posicionamento ajuda bastante”, avalia Muradas.
O Bar do Salomão, há 70 anos no Bairro Serra, optou por ser um local de encontros de atleticanos em sua origem. O dono hoje é Salomão Jorge Filho, que segue os passos do avô e do pai no comando do negócio. “Nunca vendemos tanto quanto na final da Libertadores. Reunimos cerca de 4 mil pessoas na praça. Vendemos cerca de 4 mil latões de cerveja. Deu para faturar um dinheiro bom”, diz. De acordo com ele, esse público só rivaliza, e mesmo assim de longe, com os dos domingos de clássico, quando cerca de 1 mil torcedores se reúnem em volta do estabelecimento para ver o Galo. Nesses dias, para atender a todos, o único tira-gosto do bar é feijão-tropeiro, a cerveja é somente de lata e as vendas são realizadas na base das fichas.
CAMPANHAS VITORIOSAS
A conceituação, porém, não precisa ser necessariamente a definição pela bandeira de um time. Mattias Gangl, um dos administradores da Choperia Krug Bier, diz que no atual Campeonato Brasileiro foram instalados dois telões no salão do estabelecimento, por isso é possível exibir jogos do Atlético e do Cruzeiro ao mesmo tempo. “Antes era um telão só, mas os pilares atrapalhavam a visão de alguns clientes. Com os dois, a visão de jogo ficou boa para todo mundo”, explica. A estratégia rendeu à Krug Bier um aumento de público de cerca de 35% nos dias de jogos. “Campanhas vitoriosas têm um impacto bom para atrair clientes. Na Libertadores, depois que o Atlético passou das eliminatórias, houve um acréscimo de público da ordem de 70%”, diz.
O futebol também está levando mais clientes ao Bar do Antônio, no Sion. Roberto Bontempo, sócio-proprietário da casa, lembra que no dia da vitória do Galo na Libertadores da América houve recorde de público. “Nunca vi o bar tão cheio. Abrimos às 11h e só fechamos na madrugada seguinte, à 1h. Nosso faturamento aumentou 50% na comparação com um dia de jogo normal”, contabiliza. Quando o jogo começa, porém, ele diz que os clientes esquecem a comida e só se lembram da cerveja. “Ninguém quer parar para ler o cardápio. A saída foi elaborar pratinhos de tira-gosto e oferecer nas mesas. Nos dias de jogos normais, as vendas aumentam de 15% a 20%”, afirma.