Detalhes de um programa de renovação de frota de caminhões a ser adotado em Minas Gerais, inédito no país, foram revelados ontem pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. O programa pretende substituir até 70 mil veículos com mais de 30 anos da frota mineira e, além da indústria de veículos, terá a participação de siderúrgicas com atuação no estado, no processo de reciclagem do aço dos automóveis. Moan afirmou que o governo de Minas Gerais irá fazer o anúncio na próxima semana e que os detalhes de como será feita a retirada dos veículos de circulação, bem como o tratamento dado às sucatas, caberão ao governo.
"Isso é poluição, insegurança no trânsito e será um programa inteligente e estimulante", disse ele. Programas de menor impacto foram testados no Porto de Santos e no Rio de Janeiro, mas são pontuais e ainda não tiveram impacto nas vendas. Para o presidente da Anfavea, a idade mínima para que os caminhões possam se enquadrar no programa evita o surgimento de uma bolha de consumo no setor, o que poderia prejudicar as indústrias.
No entanto, os 70 mil caminhões passíveis de serem substituídos correspondem a quase a metade da meta de 150 mil caminhões previstos para todo o mercado nacional de 2013. "Essa renovação será ao longo do tempo e não haverá uma bolha de consumo", disse. Moan afirmou que, se preciso, a Anfavea trabalhará em todos os estados brasileiros para fazer programas regionais de renovação de frota de pesados, mas que a meta da entidade é "fazer um programa federal".
Até agora, o programa federal de renovação de frota foi discutido entre a Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), mas não avançou. "O grande entrave é por culpa nossa, pois cada entidade apresentou um programa em separado ao governo para a renovação de frotas. Conheço até 10 propostas diferentes e o interesse da Anfavea é despir do interesse próprio e fazer a junção das propostas", afirmou Moan. O presidente da Anfavea comemorou o anúncio da prorrogação, para 2014, do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) para bens de capital, entre eles caminhões e ônibus, e avaliou que a medida, "sem dúvida trará um crescimento nas vendas em 2014".
INCENTIVOS Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) apontam que até 2018 o mercado de caminhões crescerá 6,3% ao ano. "Por isso, a visão é de que esse setor seguirá aquecido por conta da área agrícola, das compras governamentais, principalmente escolares, do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor, dos programas de infraestrutura, das exportações e da entrada e novas montadoras", disse Antonio Carlos Bento, conselheiro da entidade.