O Inpi entregou, nessa terça-feira, o certificado de registro de indicação geográfica, na modalidade de indicação de procedência, à Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs), liberando a instituição para distribuir o novo selo às marcas selecionadas da bebida a partir de 2 de janeiro de 2014. Das 60 fabricantes na região de Salinas, no Norte de Minas Gerais, 25 se candidataram para receber a certificação, das quais 20 deverão ser beneficiadas, informou o presidente da Apacs, Nivaldo Gonçalves das Neves. O comitê gestor da certificação é formado por seis associados, representantes do Instituto Federal do Norte de Minas, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do estado (Emater) e do Sebrae Minas.
A concessão do selo Região de Salinas – Indicação Geográfica facilita outro projeto antigo dos produtores de implementar um sistema de revenda autorizada da bebida no país. De acordo com Nivaldo Neves, o trabalho está sendo feito com consultoria do Sebrae Minas para abrir 80 revendas no Brasil em dois anos. O foco da iniciativa de elevar as vendas são as capitais e os municípios que têm mais de 300 mil habitantes. “O selo dá maior valor ao nosso produto e garante a autêntica cachaça de Salinas, permitindo um sistema de rastreamento”, afirma o presidente da Apacs. Marcas que se adaptarem ao regulamento do selo poderão se candidatar em novas etapas do processo de certificação, independentemente de filiação dos produtores à Apacs.
Para o produtor Eilton Santiago, dono da marca Canarinha, do distrito de Nova Matrona, um dos principais ganhos com a certificação será a possibilidade de efetivo combate à falsificação da bebida. “Foi uma vitória, que incentivará os investimentos no aumento da produção”, diz. Com todo o canavial próprio, Santiago produz 20 mil litros por ano e já não consegue atender o volume de pedidos no Brasil. A área de abrangência da fabricação da cachaça artesanal beneficiada pela certificação do Inpi inclui as cidades de Salinas e Novo Horizonte, e partes dos municípios de Fruta do Leite, Taiobeiras e Santa Cruz de Salinas.
Na última safra, de 2012/2013, a seca afetou o desempenho dos alambiques, que produziram 3 milhões de litros, representando queda de 40%. A atividade saiu prejudicada também pela necessidade com a qual os produtores se depararam, de preservar parcela dos canaviais para alimentar o gado. A cachaça artesanal da região de Salinas foi reconhecida em meados do ano passado, quando o Inpi concedeu o registro de indicação geográfica.