O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está trabalhando para fomentar o mercado de renda fixa brasileiro, segundo André Loureiro, chefe do Departamento de Investimentos do banco. "Esta é uma agenda que estamos tentando desenvolver. Temos como objetivo apoiar o fomento do mercado de renda fixa e incentivar a substituição do indexador DI por taxas compatíveis com o financiamento de longo prazo", afirmou o executivo durante o workshop Criação de Valor, promovido pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).
No caso das debêntures de mercado, Loureiro detalhou que o prazo deve ser maior ou igual a dois anos, sem possibilidade de resgate em prazo inferior a seis anos, e que a classificação de risco não pode ser inferior a 'BBB-' pela Área de Crédito do BNDES.
Já sobre as debêntures de infraestrutura, o executivo disse que estes são produtos que o banco "tem mais flexibilidade na atuação". "Com este segmento, nosso objetivo é compor a carteira de títulos de renda fixa com a finalidade de criar uma base complementar de recursos para projetos de infraestrutura", comentou. No caso destes produtos, o prazo deve ser maior ou igual a quatro anos e o valor da emissão deve ser de até R$ 300 milhões, segundo Loureiro, pois uma emissão de maior valor, na visão do banco, deve ser uma oferta de ações.
O executivo detalhou que nessas ofertas os limites são de até 50% da emissão total ou 100% para emissões de até R$ 75 milhões. Neste segmento, a classificação de risco não pode ser inferior a 'BB' no caso de apoio direto à Sociedade de Propósito Específico (SPE), ou 'BBB-' no caso de apoio à holding pela Área de Crédito do BNDES.
A carteira da BNDESPar encerrou o ano de 2012 com valor estimado de mercado em R$ 89 bilhões, segundo Loureiro. Nesse período, o braço de participações do banco contava com R$ 76,3 bilhões em ações, R$ 10,3 bilhões em debêntures conversíveis e R$ 2,4 bilhões em fundos de investimento. A remuneração recebida no ano passado foi de R$ 4,9 bilhões, com rendimento de 5,5%.
A carteira contava com 175 empresas que tiveram apoio direto (sendo cerca de 40 de capital fechado) e 38 fundos investidos (cada um com cinco ou seis empresas participadas). "É um desafio grande manter o equilíbrio da carteira com companhias abertas e fechadas", comentou Loureiro.
Em relação à distribuição setorial da carteira de renda variável da BNDESPar, o executivo afirmou que 41,4% correspondem ao segmento de petróleo e gás, 19,5%, à mineração e 11%, ao setor de energia elétrica. O segmento alimentício vem em quarto, com 5,9% de participação, e o de papel e celulose vem em quinto, com fatia de 5,8%.