O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto disse, nesta quinta-feira, 17, Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, que é muito provável que o Banco Central (BC) eleve a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro, para 10% ao ano. Delfim Netto falou durante intervalo do 8º Seminário Internacional Acrefi - Crise, Crédito e Crescimento, realizado em São Paulo.
Hoje foi publicada a ata da reunião do Copom em outubro, quando o colegiado elevou a Selic de 9% para atuais 9,5% ao ano. De acordo com analistas do mercado, o documento reforçou a percepção de que a autoridade monetária vai manter o ritmo de alta da taxa de juros em 0,5 ponto porcentual. Na avaliação de Delfim, se for promovido esse aumento, "estará sendo confirmada a hipótese de que o BC está recusando a dominância fiscal".
O ex-ministro também comentou rapidamente a decisão do governo em promover uma redução gradual dos repasses de capital do Tesouro Nacional para capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A decisão foi anunciada no início desta semana pelo ministro da Fazenda. Segundo Guido Mantega, a ideia do governo é substituir o BNDES, ao longo do tempo, por instituições financeiras privadas no financiamento de grandes obras. Para Delfim, "o ministro Mantega faz muito bem porque dívida pública não é recurso".