Depois de manifestações tomarem as ruas do Brasil criticando, entre outros problemas, os gastos com a Copa do Mundo de 2014 e os preços elevados de hotéis, ingressos e passagens aéreas nas cidades-sede, o governo federal lança um comitê para avaliar as tarifas e a qualidade dos serviços oferecidos no país. A oito meses do início do Mundial, o grupo interministerial promete, agora, defender os consumidores dos preços abusivos, que já estão sendo cobrados.
Os valores excessivos de passagens aéreas foram denunciados ontem. O levantamento mostrou que os gastos dos torcedores com bilhetes de avião podem chegar a até R$ 17.261. No trecho de ida de Brasília a Fortaleza, por exemplo, o consumidor terá de desembolsar no mínimo R$ 3.763, só R$ 100 a menos do que se gastaria para ir e voltar de Nova York, no mesmo período. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que o governo tem o entendimento de que os preços podem se tornar abusivos por causa do megaevento. “Já temos experiência nisso. Não foi à toa que fizemos uma intervenção nos preços dos hotéis durante a realização da Rio+20 e da Copa das Confederações”, alegou.
O comitê é composto pela pastas já envolvidas na organização do Mundial: Esporte, Justiça e Turismo e a Secretaria de Aviação Civil (SAC), com a inclusão dos ministérios da Fazenda (Receita Federal e Secretaria de Acompanhamento Econômico) e da Saúde (Anvisa). Esses órgãos vão, junto com os Procons das 12 cidades-sede, fazer um diagnóstico de preços de passagens, hotéis, restaurantes e serviços. O grupo deve se reunir também com empresários. Segundo Cardozo, a proposta é identificar situações que possam levar a inibição da concorrência.
Reclamações
Em reunião na semana que vem, os ministérios deverão apresentar dados que possam demonstrar a cobrança de preços abusivos. “Queremos avaliar quais setores podem se colocar como problemáticos”. Porta-voz do grupo, ele nega que a medida do governo federal seja uma tentativa de responder à população. “Isso tem a ver com nós querermos ter uma boa Copa do Mundo. Uma boa recepção ao turista, ao consumidor. Não tem nada a ver com as reclamações nas manifestações”, garantiu.