A estratégia de escritórios de advocacia contratados pelos bancos para que a dívida do Proer fosse paga com o Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS) esbarrou no parecer do Banco Central proibindo essa possibilidade. Só o banco Nacional detinha R$ 28,8 bilhões de FCVS que seriam usados para o pagamento da dívida.
Bastidores
A Advocacia Geral da União foi procurada por parlamentares, segundo fontes, para equiparar os FCVS aos títulos públicos federais por meio de portaria. Mas o entendimento foi de que a mudança só poderia ser feita em lei.
O BC se apoiou na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), pelas quais os FCVS são dívidas da União em processo de reconhecimento, portanto, ainda não têm valor para o governo. Dessa forma, o governo aceitaria por valores altíssimos um papel que poderia não valer nada no futuro.
Numa nova tentativa, parlamentares conseguiram incluir na Medida Provisória 517 um “penduricalho” que equiparou o FCVS aos títulos públicos por meio de uma emenda.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, chegou a se reunir com a presidente Dilma Rousseff para que a emenda aprovada fosse vetada, o que de fato ocorreu.
Logo em seguida, o BC aprovou os pareceres relativos aos bancos Bamerindus, Banorte, Econômico, Mercantil e Nacional, não aceitando que a dívida fosse paga com o FCVS.
Em 2012, parlamentares tentaram incluir em outra Medida Provisória, a 561, uma regra para dispensar certidão negativa dos devedores do governo, entre eles os do Proer, com o objetivo de facilitar a substituição de FCVS por títulos públicos. A presidente Dilma Rousseff vetou também mais essa investida.
O Bamerindus, Banorte e o Mercantil aceitaram a condição. O Econômico por algum tempo até tentou reverter o entendimento, mas também desistiu de pagar a sua dívida. O Nacional recorreu da decisão do BC e continuou insistindo em utilizar o FCVS até junho passado, quando assinou o acordo.