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Estado de Minas

Passagens aéreas para capitais nordestinas no fim do ano são mais caras que para o exterior

Combustível que paga até 25% de ICMS para voos dentro do país é isento de tributação para destinos internacionais, o que deixa ida a João Pessoa mais cara que passeio em Buenos Aires


postado em 30/10/2013 06:00 / atualizado em 30/10/2013 08:10

Pacote individual para um resort nas praias de Cancun custa aproximadamente R$ 8,3 mil por pessoa. O valor pode ser idêntico se o destino for um quatro estrelas em Fortaleza(foto: Agência de turismo do México/Divulgação)
Pacote individual para um resort nas praias de Cancun custa aproximadamente R$ 8,3 mil por pessoa. O valor pode ser idêntico se o destino for um quatro estrelas em Fortaleza (foto: Agência de turismo do México/Divulgação)

A diferença de alíquotas de ICMS sobre o preço do combustível de aviação para voos nacionais e internacionais faz com que os preços das passagens para os principais destinos na América do Sul e do Caribe sejam, muitas vezes, mais atrativos que os das praias nordestinas. A explicação é que, enquanto o combustível para os destinos nacionais é tributado em até 25%, o usado em voos internacionais é isento de qualquer tributação nacional. O efeito disso é sentido no bolso do consumidor. Para o réveillon é possível encontrar pacote de uma semana em Itacaré (BA), em um resort de luxo, por R$ 28 mil por pessoa, preço de um carro popular. O pacote para mesmo período em Paris em um hotel da mesma categoria custa, em contrapartida, R$ 12 mil.

Os preços salgados dos pacotes podem ser justificados pelo valor da passagem, que para o Nordeste chegam a custar quase R$ 3 mil. Levantamento feito pelo Estado de Minas no site de buscas Submarino Viagens mostra o alto custo dos principais destinos turísticos em dezembro. A procura por voos e hotéis na última quinzena do ano tornam os preços exorbitantes. A compra de passagens de ida e volta para João Pessoa chega a custar R$ 2.596 pela Gol. Se o destino for Santiago (Chile), destino mais caro na América do Sul, o valor é R$ 224 mais baixo. Se a opção for por Buenos Aires, é possível economizar R$ 817 por pessoa.

Apesar de 80% do combustível de aviação ser produzido no país, ele chega a ser até 20% mais caro aqui que no exterior. Com isso, de acordo com informações da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o combustível responde por até 43% dos custos das empresas aéreas, cujos voos ainda têm o seu valor majorado por impostos como PIS/Pasep, Cofins (1,25% e 5,8%, respectivamente) e ICMS, que varia entre os estados, de 4% a 25%. Nos aeroportos de São Paulo, que respondem por um terço do consumo de combustíveis de aviação do país, a alíquota é de 25%. Em Confins, o imposto é de 11% e, nos demais aeroportos do estado, 25%.

Isenção


Embora saia da mesma bomba, o combustível usado em voos internacionais, no entanto, é isento de ICMS e de qualquer outro imposto em função de o Brasil ser signatário de acordos internacionais que proíbem a tributação sobre o transporte aéreo internacional. Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), o preço do galão de combustível para voos domésticos varia de US$ 4,40 a US$ 5,16, enquanto para voos internacionais o preço vai de US$ 3,77 a US$ 3,79.

Combustíveis mais caros refletem nos preços das passagens e pacotes turísticos para dentro do país, que dispararam a dois meses do Natal. Uma semana em um hotel quatro estrelas em Fortaleza, por exemplo, custa 566% mais na alta temporada, segundo agências de viagem. Com isso, a opção de muitos tem sido viajar para o exterior. Os destinos caribenhos e na América do Sul ainda são os mais acessíveis. Mas até um passeio pela Europa pode sair mais barato. Caso a opção seja viajar pelo Brasil, o Sul do país é o destino mais econômico.

Fortaleza se tornou um destinos mais caros para quem sonhava em passar as festas de final de ano nas praias do nordes(foto: Reprodução de internet)
Fortaleza se tornou um destinos mais caros para quem sonhava em passar as festas de final de ano nas praias do nordes (foto: Reprodução de internet)

Antecedência


A supervisora da loja TAM Viagens Savassi, Natália Vieira, afirma que o ideal, para conseguir bons preços, é procurar pelos pacotes com pelo menos quatro meses de antecedência. Na virada do ano, no entanto, além do fator preço, o cliente enfrenta também uma qualidade inferior de serviços, devido à lotação de hotéis e aeroportos. Segundo ela, a disponibilidade de voos para as praias caribenhas está bastante restrita. “Até temos alguns, mas é complicado especificar a data”, diz ela. Na agência, o pacote individual para um resort nas praias de Cancun ou Punta Cana custa aproximadamente R$ 8,3 mil por pessoa. O valor pode ser idêntico se o destino for um quatro estrelas em Fortaleza. Na baixa temporada, no entanto, a mesma viagem para a capital cearense pode sair por R$ 1,2 mil.

O diretor da Girotur Viagens, Daniel de Oliveira Souza e Silva, afirma que a valorização do real ante o dólar nas últimas semanas contribui para aumentar a procura por destinos estrangeiros. “A pessoa pede a cotação para Fortaleza e, quando compara com Punta Cana, pensa duas vezes. A nossa função tem sido importante para mostrar qual o melhor custo-benefício”, afirma. Ele critica a estratégia das companhias aéreas, de vender passagens a preços baixos, inferiores a R$ 100, o que não cobriria nem o custo fixo da operação. “Mas R$ 1,7 mil é exagero”, diz ele. O diretor da agência lembra que, além do preço das passagens, o turista deve pensar em hospedagem, e os alto custos no Brasil se repetem.

BAIXA OFERTA
Para Regina Casale, vice-presidente administrativa da Associação Brasileira de Agência de Viagens de Minas (Abav-MG), cortes em voos e demissões pelas companhias aéreas reforçam as justificativas para os preços exorbitantes cobrados aos turistas que desejam conhecer destinos nacionais. De acordo com Regina, mais que no Nordeste, a alta é generalizada quando se fala de Brasil. “Em um mesmo dia, uma passagem para o Rio ou Brasília pode custar de R$ 178 a R$ 1.110. Enquanto isso, existem promoções para Miami por R$ 1.500”, lembra.

Como resultado, ela comenta que o consumidor continua optando pelos destinos internacionais. Para driblar a concorrência entre os destinos, ela conta que as agências têm tentado trabalhar com as tarifas que melhor atendem o cliente. “A pessoa que está indo a lazer pode ajustar a melhor tarifa, porque pode comprar passagens em horários de menor demanda, que saem mais baratas”, comenta. Outra dica, segundo a vice-presidente, é aproveitar as promoções com antecedência. “De novembro até março a tendência é de que os preços subam”, afirma.

Prontos para viajar


Pesquisa do Ministério do Turismo revelou um dado curioso: Belo Horizonte lidera o ranking de cidades em que há o maior percentual (40,8%) de moradores que desejam viajar nos próximos seis meses. Em seguida aparecem: Brasília (38,2%), Salvador (37,1%) Porto Alegre (35,4%), São Paulo (31,7%), Rio de Janeiro (27,1%) e Recife (24,6%). O estudo, batizado de Sondagem do Consumidor, Intenção de Viagem e feito em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou um aumento no indicador em relação ao levantamento elaborado há 12 meses (35,5%). O percentual de mineiros que pretendem deixar a capital em avião (72,2%) é maior do que a média nacional (58,2%) e ficou acima do apurado em BH no estudo divulgado há 12 meses (59,8%).

Exotismo com conforto


Os destinos exóticos também entraram na rota dos turistas mineiros. O movimento, inclusive, traz incremento de até 20% para agências e operadoras especializadas. Entre elas, a Oikos Tour Operator, que já está com pacotes vendidos para o réveillon nas Ilhas Maldivas. Para o diretor da operadora, Felipe Bezerra, uma das explicações é a mudança de postura do próprio turista, que “tirou de cabeça que turismo exótico é viajar para um local de difícil acesso, dormir em rede e se alimentar à base de escorpiões”. Além disso, ele destaca o aumento da renda média da população.

A preferência por destinos diferenciados, segundo ele, começou pela Índia, passando pelo Egito, Dubai e, mais recentemente, pelo Sudeste Asiático e as ilhas do Pacífico e Oceano Índico. “Os viajantes começaram a perceber que fazer turismo é muito mais do que ir a Paris ou a Nova York – o que continua sendo ótimo – e que locais exóticos são grandes canais de informação e de cultura”, justifica Bezerra. A demanda para destinos na Ásia, Tailândia, Vietnã, Camboja, Laos, China, Índia e Nepal também é crescente. “É uma tendência que confirma o fortalecimento das inúmeras facilidades criadas para os viajantes, como voos, conexões, e tecnologia da informação”, finaliza Bezerra.

A socióloga Marilu Verdolim, de 71 anos, é uma das turistas que está de malas prontas. Nas próximas semanas, ela e amigas embarcarão para Cingapura e Indonésia. “Cheguei há poucos dias de um passeio a Escócia, Irlanda, Islândia e Inglaterra. Adoro viajar e, em razão da minha profissão, o que mais me agrada é conhecer o comportamento das pessoas. Já visitei cerca de 30 países, entre eles o Arzeibaijão, a Romênia, a Armênia, a Índia, a China, a Rússia. O que mais gostei foi o Butão, que é considerado o país da felicidade”. Marilu e as amigas ficarão hospedadas em hotéis/pousadas. (CM e PHL)


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