O potencial para criação de peixes, camarões e outras espécies aquáticas no país foi classificado pelo ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, como “o pré-sal da produção de alimentos”, ao falar hoje sobre as oportunidades de negócios do setor durante o seminário Aquicultura: Um Investimento Sustentável, que reuniu em Brasília empresários do setor e representantes do governo.
Sobre o pré-sal do petróleo, cujo primeiro campo de exploração foi licitado na semana passada, a presidenta Dilma Rousseff chegou a dizer, segunda-feira (28), que é um "verdadeiro passaporte para o futuro". Segundo ela, o leilão do Campo de Libra vai render R$ 1 trilhão para o governo federal, os estados e os municípios nos próximos 35 anos.
Os participantes também discutiram durante o seminário a criação de um fundo de investimento em participações (FIP) para o setor, financiado pelo BNDES, com recursos de R$ 100 milhões. A iniciativa pretende reunir empresas e fundos de pensão para participar de dez projetos para desenvolver a aquicultura no país, visando a elevar de 1 milhão de toneladas atuais para 20 milhões de toneladas a produção de pescados no Brasil, de maneira sustentável.
De acordo com o ministro Marcelo Crivella, os três grandes problemas enfrentados pelo setor para crescer no país sempre foram burocracia, impostos e financiamento. Segundo ele, no entanto, “o governo atendeu às reivindicações do setor e resolveu os três: desonerou impostos, lançou o plano safra com R$ 4 bilhões em créditos e investimentos, e ainda descomplicou o licenciamento por meio de uma resolução do Conama [Conselho Nacional do Meio Ambiente]”.
O otimismo do ministro é respaldado por dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), segundo a qual a aquicultura é um dos setores de produção animal com crescimento mais acelerado. De acordo com a agência da ONU, a produção da pesca e aquicultura vai superar na próxima década a produção de carne de gado, porco e frango. A aquicultura inclui a produção em cativeiro de peixes, camarões, rãs, algas e outras espécies aquáticas.
Segundo o empresário André Barbieri, o Brasil tem muitas características favoráveis à aquicultura, como 12% da água disponível no planeta (uma das maiores reservas do mundo); área superior a 10 milhões de hectares de lâmina d’água; clima propício para o crescimento de organismos cultivados; diversidade de espécies; litoral com 7,4 mil quilômetros de extensão e 5 milhões de hectares de represas e lagos. Um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial.
O objetivo do FIP, de acordo com Barbieri, é investir em toda a cadeia produtiva do setor. Para isso, conta com a permissão de utilização de 0,5% das águas da União para explorar todo o potencial aquícola do país. Além disso, ele ressalta que “a crescente demanda por alimentos, atrelada à alteração do padrão de consumo da população e consequente busca por alimentos mais saudáveis, vem contribuindo para o desenvolvimento da aquicultura no Brasil”.