“A metodologia contempla reajuste automático em periodicidade a ser definida antes de sua implantação, baseado em variáveis como o preço de referência desses derivados no mercado internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do derivado vendido, se refinado no Brasil ou importado”, explica o documento. A notícia, que já vinha empolgando investidores desde a segunda-feira, foi reforçada ontem pelo rumor de que a adoção do gatilho seria divulgada no próprio dia 22, com o anúncio de reajustes.
Ele acrescentou que o novo método de fixação de preços de combustíveis está sendo desenvolvido há meses pela estatal e nada está definido. A divulgação do fato relevante seria só uma exigência formal da CVM. “Não é de hoje que isso está em discussão. A metodologia de reajuste é coisa séria, não pode ser feita de afogadilho”, ressaltou.
Pressão dos fatos Mais cedo, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, evitou tratar do tema. Ele afirmou que a nova fórmula de preços da petroleira será novamente apresentada na reunião do conselho, no dia 22. “Não tenho notícia sobre isso. Só posso falar quando receber oficialmente”, esquivou-se. Na véspera, um conselheiro da estatal disse que a nova metodologia não ressuscitaria a chamada “conta petróleo”.
“A retenção dos reajustes foi longe demais, a ponto de comprometer os projetos de produção da Petrobras, além de que o espaço de manobra do governo nesse tema está esgotado”, observou Leonardo Caio, consultor do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). Para ele, o uso recorrente do controle de preços de combustíveis criou vícios e uma mensagem de austeridade passou a ser urgente.
Na sexta-feira, a Petrobras divulgou que a diretoria-executiva havia aprovado nova metodologia de definição de preços sem detalhar o mecanismo. Na segunda-feira, o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, adiantou que os aumentos seriam automáticos e periódicos, de modo a dar previsibilidade e transparência às receitas, além de buscar reduzir os elevados níveis de endividamento (35% do faturamento) e sustentar o programa de investimentos.
As defasagens em relação às cotações internacionais graças à atual política de preços da Petrobras, atrelada ao combate da inflação, tem gerado sangria do caixa da empresa e colocado em risco sua nota de crédito. (Com Deco Bancillon)