A indústria de cerveja no Brasil enfrenta um cenário econômico desafiador. Enganam-se os que acreditam que os bares lotados na noite das principais capitais brasileiras são o retrato do mercado de bebidas, que registrou queda de volume maior do que o previsto durante os três trimestres do ano. Os dados do terceiro trimestre da maior fabricante brasileira, Ambev, foram divulgados nesta quinta-feira e revelam que, assim como os dois primeiros trimestres do ano, o volume total de vendas caiu em relação ao ano passado.
De janeiro a março, o volume total de vendas da Ambev foi de 27 milhões de hectolitros, 6,3% menor se comparado ao primeiro trimestre do ano passado. Essa diminuição no volume de vendas no Brasil é, segundo a fabricante, resultado da combinação de alguns fatores: clima mais chuvoso, o fato de o carnaval ter sido mais cedo no calendário deste ano, a inflação de alimentos e uma desaceleração no crescimento de renda disponível.
O aumento no preço de matérias-primas, como cevada e embalagens de alumínio, e o impacto da desvalorização do real não permitiram um segundo trimestre diferente. Nesse segundo período, o volume total de vendas caiu 1,5%, totalizando 25,5 milhões de hectolitros. Apesar de um cenário duro, com queda de volume, os resultados do segundo trimestre apresentaram melhoras se comparados com os registrados nos três primeiros meses de 2013. O clima mais seco e quente que o ano anterior e a Copa das Confederações contribuíram com o resultado.
Segundo dados divulgados nesta quinta, sem o volume incremental proporcionado pela Copa das Confederações e diante de um clima desfavorável, o volume total de vendas da Ambev no Brasil também caiu 4,2%, totalizando 26,9 milhões de hectolitros no terceiro trimestre. Em cerveja, o volume de vendas foi de 19,6 milhões de hectolitros, o que representa queda orgânica de 5%.
A média de participação de mercado da Ambev no mercado de cerveja no terceiro trimestre de 2013 foi de 68%, queda de 0,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. O volume de refrigerantes também recuou, tendo sido vendidos 7,2 milhões de hectolitros (queda de 2%).
Estratégias para recuperação
As quatro prioridades da estratégia comercial para o Brasil – inovações, foco em marcas premium, embalagens econômicas e crescimento nas regiões Norte e Nordeste – continuam a apresentar evolução relevante, segundo dados da companhia. Em termos de inovações, as vendas de Brahma 0,0%, das cervejas em latas de 550 ml e das garrafas de alumínio de Skol e Brahma se destacaram no trimestre.
As marcas premium Budweiser, Stella Artois e Original têm registrado crescimento de volume acima da média do mercado. Já a participação de mercado da Ambev nas regiões Norte e Nordeste do Brasil registrou mais um trimestre de crescimento. Os investimentos da companhia em diversificação de embalagens, com diferentes tamanhos e propostas de preço, também se mostraram acertados, com destaque para as garrafas de vidro retornáveis de cerveja de 300ml e de 1 litro.
A companhia informou ainda nesta quinta que, mesmo diante desse cenário, segue com a intenção de investir cerca de R$ 3 bilhões no Brasil até o final de 2013 em função das perspectivas de médio e longo prazo para o crescimento econômico no país. De janeiro a setembro a companhia já investiu R$ 1,8 bilhão no Brasil e outros R$ 500 milhões nos outros países onde atua.
Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), as empresas do setor de bebidas frias fazem parte do segmento com maior efeito multiplicador da economia brasileira. De acordo com a FGV, para cada R$ 1 investido pela Ambev, outros R$ 2,5 são gerados na economia do país.