O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que realizou nesta segunda-feira, reunião com as centrais sindicais em São Paulo, afirmou que discutiu a elevação dos gastos do governo com seguro-desemprego e abono salarial. Ele voltou a afirmar que dois pontos trazem esse aumento nos aportes públicos: "o aumento da rotatividade ou fraude podem estar sendo cometidas por empresários", disse. Segundo ele, os gastos com essas modalidades corresponderão a R$ 47 bilhões este ano, ou 1% do PIB. "Não queremos diminuir direito dos trabalhadores, mas sim excesso de rotatividade."
O ministro repetiu o que falou na semana passada, que o seguro-desemprego cresce de forma atípica em um cenário de pleno emprego. O ministro afirmou que as desonerações tributárias realizadas pelo governo a partir de 2008, quando eclodiu a crise internacional, tinham como um primeiro objetivo evitar que alguns segmentos produtivos dispensassem trabalhadores. "Houve desonerações para setores preparados para demitir, como o automobilístico", destacou.
O ministro também ressaltou que, como o Brasil "tem tido carga fiscal nos últimos anos", as desonerações tributárias tinham um foco adicional, que era melhorar a competitividade das empresas nacionais. E essa medida, segundo Mantega, foi necessária num contexto de economia global com sérios problemas.
Com a recessão mundial a partir de 2008, muitos países geraram um nível elevado de produtos manufaturados que não eram consumidos em seus próprios mercados e passaram a ser exportados para nações que cresciam, como o Brasil.
Outro lado
Após encontro, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirmou que as centrais sindicais foram "convocadas" pelo ministro para discutir questões relacionadas ao aumento de gastos com o seguro-desemprego. "Queremos discutir todo o arcabouço da questão do emprego. Ele afirmou que foi marcada uma nova reunião com o ministro no dia 07 em São Paulo", comentou.
Ele ressaltou que um dos grandes problemas do avanço das despesas do seguro-desemprego está relacionado com a alta rotatividade de trabalhadores no País. "Queremos proteção dos empregos. Além de atacar a rotatividade, precisamos acabar com o mercado informal", disse. "Uma questão que defendemos é o fim do fator previdenciário."