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Estado de Minas CONSUMO

Com poucos dólares, brasileiros fazem compras em sites chineses

A analista de sistemas Nívia Queiroz, 29 anos, optou pelo vestido de noiva via postal


postado em 04/11/2013 16:12 / atualizado em 04/11/2013 16:17

Há aqueles que renovam o guarda-roupa com as tendências da estação. Alguns preferem decorar a casa com as bugigangas de poucos dólares dos sites chineses. Outros alimentam o vício em tecnologia comprando cabos, tablets e acessórios para os gadgets. A analista de sistemas Nívia Queiroz, 29 anos, realizou parte de um sonho: comprou o vestido de noiva. “Experimentei dois modelos aqui em Brasília e vi qual deles me caía melhor. Quando fui procurar na internet, já sabia mais ou menos o que queria”, conta.

(foto: CB/D.A Press)
(foto: CB/D.A Press)
Pelos sites chineses existem tanto modelos prontos, que custam até menos de R$ 500, quanto opções feitas sob medida, com preço médio de US$ 500 (cerca de R$ 1.140). Nívia recorreu à segunda opção: um site especializado em confeccionar sob medida réplicas de ateliês grifados de noivas. O escolhido foi uma versão de um modelo da casa espanhola La Sposa.

O vestido demorou quase tanto tempo quanto se estivesse sendo confeccionado em terras brasileiras. A diferença é que a noiva acompanhou o processo não por meio de infinitas provas e visitas ao ateliês, mas via fotos enviadas para o seu e-mail de um modelo montado em um manequim. Foram nove semanas entre o envio das medidas e a foto da peça finalmente pronta. Depois, mais uma semana para que ele atravessasse o planeta e chegasse até a casa da noiva, embalado a vácuo, em um pacotinho não muito maior do que um palmo.

Para agilizar o envio, Nívia preferiu pagar um frete mais caro, porém mais seguro e rápido. A remessa custou R$ 400, mais R$ 170 de imposto para a Receita Federal. O véu também veio da China. Mas foi comprado pronto, no Aliexpress (www.aliexpress.com), e saiu por cerca de R$ 300. Ao todo, Nívia não gastou mais que R$ 1,8 mil com o vestido, valor que, segundo as pesquisas dela, equipara-se ao de um aluguel. Casamento feito, Nívia passou adiante a peça, com um desconto de R$ 300. “Mas já vi meninas vendendo vestidos usados que compraram na China por até R$ 4 mil. Acho sacanagem”, entrega. A saga da escolha e da compra do vestido — e de vários outros processos do casamento — foi registrada num blog, criado pela noiva logo no início dos preparativos, o Eu quero me casar (www.euqueromecasar.com).

Apesar do sucesso com o vestido, Nívia reconhece que a experiência não é para todos. “Não é uma coisa para uma pessoa ansiosa nem para quem tem pouco tempo para organizar o casamento”, avisa. “Ele pode demorar para chegar, pode chegar feio, enfim, pode dar certo ou não. Vi algumas meninas que gastaram todo o dinheiro do vestido em um modelo da China e, no fim, receberam um produto horrível.” No caso de Nívia, além do vestido e do véu, as lembrancinhas do casório vieram da China. A mania de compras virtuais de Nívia se estende a roupas, cosméticos e até artigos de decoração. A última aquisição foram lâmpadas de LED para a casa nova. “Com roupa, tive poucas experiências legais. Os tamanhos são pequenos, então ou a roupa aperta ou a manga fica curta.”

As dicas de Nívia para as noivas

Nívia comprou o vestido no Jasmine’s Bridal Shop (www.jasminesbridalshop.com), mas existem outros sites chineses especializados em noivas, como o Superb Wedding Dresses (www.superbweddingdresses.com). Os sites são em inglês. Um tradutor de textos virtual pode ajudar na comunicação com o vendedor. Tenha certeza de que vocês se entenderam perfeitamente para evitar surpresas desagradáveis.
Circule por lojas físicas e experimente alguns modelos para saber o que lhe cai melhor: se um modelo com mangas, uma saia rodada ou um vestido mais ajustado.
Mande as suas medidas exatas.
Tenha um plano B para o caso de o vestido não chegar a tempo ou não for como você tinha imaginado. Separe algumas opções em lojas de aluguel e faça o pedido no site com tempo de sobra.
Pesquise. Há grupos na internet e blogs de noivas que contam a experiência de quem já comprou. Não compre sem indicação.

O tal do “Ali”

Desde o fim dos anos 1990, quando Jack Ma, um professor chinês de inglês, decidiu criar um site para ligar pequenos vendedores a potenciais consumidores via on-line — a exemplo do que já fazia o E-bay, fundado nos EUA em 1995 —, o Alibaba cresceu e representa um ponto importante da economia chinesa e um potencial inimigo das economias mundo afora. O portal aposta na venda de produtos a preços baixos e com o frete grátis. Apenas os segmentos de vendas de lojas para consumidores e de pessoa física para pessoa física juntos venderam, no ano passado, US$ 170 bilhões, mais do que os gigantes E-bay e Amazon somados.

Isso, segundo reportagem publicada em março na revista The Economist, já faz dele o maior portal de e-commerce do mundo. E o governo da China quer mais: no mês passado, o país liberou um pacote de investimentos para estimular as vendas de pequenos comerciantes via on-line. Há três anos, o portal abriu um escritório no Brasil visando conquistar também possíveis vendedores para exportar seus produtos, missão na qual encontram ainda alguma resistência. Já na China, os cálculos dão conta de que 60% de todas as encomendas entregues no país têm origem no Alibaba.

Hoje, mesmo com dimensões gigantescas e responsável por mais de 24 mil empregos na China, o Ali, apelido criado pelos fanáticos consumidores, pertence ao seu fundador — embora o cargo de CEO tenha sido repassado, em maio, a Jonathan Lu, funcionário de confiança do ex-professor. A qualquer momento, no entanto, o status de empresa privada pode mudar. O mercado de ações aguarda o anúncio oficial da entrada do portal na bolsa de valores a um valor esperado de US$ 100 bilhões, o que faria a estreia da empresa chinesa o maior evento no mercado de ações desde a entrada do Facebook, no ano passado. O aval para o início da oferta pública foi concedido pela New York Stock Exchange e pela Nasdaq. Jonathan Lu declarou que o e-commerce pretende triplicar o volume de transações até 2016, passando para US$ 49 milhões, o que faria com que ultrapassasse o Walmart, maior rede varejista do mundo.
(foto: CB/D.A Press)
(foto: CB/D.A Press)

Tecnologia além-mar


A tecnologia faz parte de todos os âmbitos da vida do engenheiro mecatrônico Diogo Nazzetta, 24 anos. A porta da casa dele tem uma fechadura especial, tecnológica, com identificação por radiofrequência. Dispensa chave. O celular de Diogo é capaz de abrir e fechar as portas do carro dele e até de disparar o alarme. Ele reuniu tudo que o mercado on-line chinês oferece ao seu conhecimento de mecânica e eletrônica para deixar a própria vida mais prática. Há mais de três anos, Diogo compra em sites chineses. “Já comprei pito para roda em formato de granada, tampas de látex para proteger as entradas de cabos do iPhone, acessório para enrolar fone de ouvido e evitar que fique embolado, cabos em geral. E, na minha wishlist, tem canecas, relógios de parede, identificador biométrico e muitas outras coisas. Já são 40 páginas.”

Foi com a ajuda do Deal Extreme (www.dx.com) e também de uma outra plataforma, Seeed, especializada em peças de tecnologia e automação, que Diogo fez seu trabalho de conclusão de curso e se formou em engenharia. Seu projeto era o desenvolvimento de um sistema de alarme. Lá, ele comprou muito daquilo de que precisava, como um microcontrolador e peças diversas, tudo por preços muito menores do que os encontrados aqui.

Dicas de Diogo para fãs de tecnologia

Não visitar o site com pressa. Pesquise muito e olhe os itens relacionados ao que você quer comprar.
Checar se o aparelho comprado vem com manual em inglês. “Comprei um que está parado porque veio em chinês.” Diogo indica ainda que, se vier manual em várias línguas, inclusive em alemão, a qualidade é certa: “Lá, existe a obrigatoriedade de garantia de um ano, independentemente de onde vem o produto”.
Se dois produtos equivalentes têm preços diferentes, tente descobrir o porquê disso. O mais barato nem sempre é pior, mas pode ser. “Pode ser algo banhado a ouro, por exemplo. No caso de um cabo, isso é ótimo, em outros, não faz diferença.”

A taxação sobre os produtos importados

Embora o Banco Central mantenha controle de todas as operações de crédito e câmbio realizadas legalmente no país — se alguém usa o cartão de crédito internacional para pagar uma compra on-line, ele registra essa operação —, órgãos como a Associação Brasileira de Indústria Têxtil acreditam que a informalidade do comércio internacional prejudica o setor no Brasil, que não consegue competir com os preços encontrados nesses sites. De acordo com a lei brasileira, mercadorias de até US$ 50 enviadas de pessoa física para pessoa física não são taxadas. Quaisquer outros casos estão sujeitos à tarifação, que é de 60% do valor da compra — além do IOF do cartão de crédito, caso essa tenha sido a forma de pagamento. Por questões de logística, a vistoria é feita em Curitiba. Segundo o coordenador-geral de administração aduaneira da Receita Federal, José Carlos de Araújo, na teoria, sites são sempre pessoas jurídicas. No entanto, ele reconhece dois tipos de fraude: muitos vendedores, além de fingir serem pessoas físicas, declaram um preço menor do que o recebido. Além disso, sites como E-bay e Aliexpress são como grandes shoppings, que hospedam milhares de vendedores, sejam eles pessoas jurídicas, sejam pessoas físicas. O comprador quase nunca diferencia um do outro ao realizar uma transação.


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