O Brasil está importando mais feijão de países como a China, Argentina, Bolívia e Paraguai. A safra colhida no país é cada vez menor e não supre a necessidade do mercado brasileiro, que tem consumo médio de 3,5 milhões de toneladas ao ano. A tendência, segundo o diretor de Assuntos Comerciais do Ministério da Agricutura, Benedito Rosa, é que o Brasil importe casa vez mais feijão desses países, apesar de o consumo do grão estar estagnado há anos. De janeiro a novembro, as importações da China já aumentaram 35%, passando de 149 mil toneladas em 2012 para 200 mil. Com isso, consumidores tendem a pagar mais pelo quilo do alimento.
Em 2014, a tendência é que as importações aumentam ainda mais e, mais uma vez, o custo vai recair no bolso dos consumidores. Outro fator que deve contribuir para a alta do grão é que produtores de feijão de Minas Gerais e Goiás não fizeram o vazio sanitário que seria aplicado pela primeira vez nos estados, além de Bahia e Distrito Federal, com objetivo de exterminar um vírus transmitido pela mosca-branca. A praga não causa problema ao ser humano, mas prejudica bastante a lavoura. O ciclo do inseto é de 20 dias. Daí a necessidade de interrupção do plantio por 40 dias, na intenção de quebrar o ciclo do inseto, o que não foi feito, o que deixará a lavoura mais prejudicada.
Segundo Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), o vazio sanitário não foi feito porque a medida foi divulgada tardiamente e alguns produtores já haviam começado o plantio da leguminosa. Além disso, Goiás também não havia aderido à medida. “Não adianta apenas um estado fazer o vazio sanitário. A interrupção do ciclo da praga precisa ser feita em todos os estados ao mesmo tempo para se ter um bom resultado”, explica o Pierre Vilela, coordenador da assessoria técnica da Faemg.
Benedito Rosa, do Ministério da Agricultura, explica que hoje o mercado do feijão se comporta como o de hortaliça e os preço variam muito, por conta do elevado índice de perda de produção. Uma saca de 60 quilos é vendida em Minas Gerais a R$ 137, mas, em maio, chegou a custar R$ 240, o que pode voltar a ocorrer em 2014, já que os estados não interromperam a plantação para a minimizar os efeitos da mosca branca.
INCOMPENTÊNCIA
As regiões Sul e Sudeste são responsável por 60% da produção brasileira. inas produz em média 660 mil toneladas, o que representa 22% da produção no país. A maioria da plantação vem da agricultura familiar, produção que está mais vulnerável a doenças do que a produção irrigada. Para especialistas, se os produtores não entenderem que é importante quebrar o ciclo para tentar eliminar a praga, vai ficar cada vez mais difícil o cultivo do feijão. “A tendência é que importe cada vez mais por incompetência generalizada. Os produtores não podem apenas esperar por medidas do governo. Com isso, o consumidor vai pagar cada vez mais, pressionando a inflação”, explica o Benedito Rosa.