A realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil vai mudar a cara das férias escolares de inverno, que em 2014 terão duração de 30 dias. Quem não atentou para a novidade ou ainda não começou a se planejar para o período de folga vai pagar mais caro. Com os preços de hotéis e passagens para destinos nacionais inflacionados – principalmente para as cidades-sedes dos jogos –, uma das alternativas tem sido a busca por destinos no exterior. Mas até quem permanecer no país deverá ser surpreendido por uma alta generalizada de preços, especialmente de itens de lazer, que vão da cerveja ao cinema. Para reverter a alta, no entanto, agências de turismo indicam planejamento e pesquisa para conseguir preços melhores.
Segundo levantamento feito ontem pelo Estado de Minas, mesmo antes da definição dos jogos ou da confirmação da compra dos ingressos pelos torcedores, as passagens aéreas para as cidades-sedes nos dias dos jogos já apresenta alta. Para o jogo de oitavas de final da competição que acontece em 29 em junho, no Recife, torcedores belo-horizontinos que se quiserem assistir à partida pagariam ontem, pela ida e volta, R$ 1.695. Para o jogo em Fortaleza, também pelas oitavas e que ocorre no mesmo dia, a passagem custava R$ 1.385 ontem. Quem optasse pelo jogo da primeira fase, que ocorre dia 14 de junho em Manaus, por exemplo, deveria desembolsar R$ 1.760. Ir para Santiago, no Chile, no mesmo período custava R$ 1.288 para compras realizadas ontem. Os pacotes para o período da Copa, no entanto, segundo as agências, ainda não foram fechados.
Renato Mogiz Silva, economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), confirma a tendência de inflação durante eventos de grande porte. “É a lei da oferta e da demanda. As cidades vão receber mais turistas e os preços tendem a se deslocar, colaborando com a inflação”, explica. Ainda segundo Mogiz, o setor que mais apresenta alta é o de serviços, que inclui lazer, recreação, cinema, viagens e salões de beleza, por exemplo, que tendem a ficar mais caros nas cidades-sedes e no entorno delas.
“A alta pode ocorrer também em outras cidades turísticas, mesmo que não estejam tão perto das cidades-sedes, mas que também recebem aumento da demanda”, comenta. No Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte, divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o item recreação, fumo e filmes, que inclui desde gastos com cinema e viagens a custos com boates e danceterias, registrou alta, de janeiro a setembro deste ano, de 5,66%, já bem acima do índice geral, de 3,92%.
FILHOS
Para quem tem filhos em idade escolar, os gastos tendem a ser ainda maiores, já que as crianças terão mais tempo em casa. No ano que vem, as férias vão de 12 de junho a 13 de julho, segundo a Secretaria de Educação de Minas Gerais e o Sindicado das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG). Outro problema é o curto espaço de tempo entre o fim do carnaval, em 4 de março, e o novo período de férias.
Sem ter ainda começado a orçar os preços das férias escolares da filha Laís, de 14 anos, a psicóloga Débora Galvani está preocupada. Como nos anos anteriores o período era de apenas 15 dias, Débora levava Laís para o sítio de uma prima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No ano que vem, como o período é maior, ela pretende viajar para os Estados Unidos – destino que elas costumavam visitar em março, na semana santa. “Não tiro férias em julho por ser um período muito caro, mas em 2014 não tem escapatória. Não tem como deixar minha filha tanto tempo sem atividade. Quinze dias dá até para segurar, mas um mês é difícil”, comenta.
Antes mesmo de saber da prorrogação das férias, a psicóloga Suzana Jardim Poli já tinha planejado com o marido as férias dos filhos Mateus, de 7 anos, e Lucas, de 10. Juntos, eles irão com os avós para a Itália e Portugal e devem passar uma semana em cada país. “Era uma viagem que já tinha sido combinada antes e que se encaixaria nas férias de julho”, comenta. No entanto, com as mudanças no calendário, os dias de folga que sobraram na agenda devem ser preenchidos por passeios em parques, cinemas e até viagens para o interior. “Vamos usar a criatividade para conseguir programas para todos esses dias”, comenta. “Viajar para uma cidade que vai receber jogos da Copa é uma opção, mas ainda estamos considerando as possibilidades e valores”, acrescenta.
PRESSA
Embora ainda não tenham pacotes disponíveis para o período, as agências garantem que quem começar a orçar a partir de agora sairá na frente. O diretor comercial do grupo Master, Lenini Lamounier, explica que as agências ainda estão trabalhando com pacotes da alta temporada de verão. Mas lembra que em junho e julho valerá a lei da oferta e da procura. “Destinos no Brasil vão estar cada vez mais saturados. Quem vier assistir a um jogo em um das cidades-sedes vai aproveitar para conhecer outros pontos turísticos do país”, afirma. Além disso, o diretor afirma que passagens de voos internacionais tendem a ficar mais baratas, um a vez que mais aeronaves terão o Brasil como destino e evitarão voltar vazias. “Para quem estiver usando esses aviões de volta, no contrafluxo, a tendência é de tarifas mais em conta do que dentro do país”, completa.
As agências especializadas em viagens à Disney, nos Estados Unidos, principal destino da época, também aproveitam a demanda. Embora ainda não estimem crescimento puxado pelo interesse das pessoas que querem fugirem da Copa, elas garantem vendas de todos os pacotes ofertados até a data. Na Greentours, até agora 40% dos pacotes já foram vendidos. Na Tia Eliane Turismo, 50% das vendas já foram concluídas. “Como a coisa aqui estará completamente inflacionada e os preços impraticáveis, acreditamos que muitos vão querer sair do país. Estamos confiantes para um movimento ainda maior a partir do início do ano. Por isso é interessante planejar a viagem”, comenta a diretora de operações da Tia Eliane, Renata Boechat.
Segundo levantamento feito ontem pelo Estado de Minas, mesmo antes da definição dos jogos ou da confirmação da compra dos ingressos pelos torcedores, as passagens aéreas para as cidades-sedes nos dias dos jogos já apresenta alta. Para o jogo de oitavas de final da competição que acontece em 29 em junho, no Recife, torcedores belo-horizontinos que se quiserem assistir à partida pagariam ontem, pela ida e volta, R$ 1.695. Para o jogo em Fortaleza, também pelas oitavas e que ocorre no mesmo dia, a passagem custava R$ 1.385 ontem. Quem optasse pelo jogo da primeira fase, que ocorre dia 14 de junho em Manaus, por exemplo, deveria desembolsar R$ 1.760. Ir para Santiago, no Chile, no mesmo período custava R$ 1.288 para compras realizadas ontem. Os pacotes para o período da Copa, no entanto, segundo as agências, ainda não foram fechados.
Renato Mogiz Silva, economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), confirma a tendência de inflação durante eventos de grande porte. “É a lei da oferta e da demanda. As cidades vão receber mais turistas e os preços tendem a se deslocar, colaborando com a inflação”, explica. Ainda segundo Mogiz, o setor que mais apresenta alta é o de serviços, que inclui lazer, recreação, cinema, viagens e salões de beleza, por exemplo, que tendem a ficar mais caros nas cidades-sedes e no entorno delas.
“A alta pode ocorrer também em outras cidades turísticas, mesmo que não estejam tão perto das cidades-sedes, mas que também recebem aumento da demanda”, comenta. No Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte, divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o item recreação, fumo e filmes, que inclui desde gastos com cinema e viagens a custos com boates e danceterias, registrou alta, de janeiro a setembro deste ano, de 5,66%, já bem acima do índice geral, de 3,92%.
FILHOS
Para quem tem filhos em idade escolar, os gastos tendem a ser ainda maiores, já que as crianças terão mais tempo em casa. No ano que vem, as férias vão de 12 de junho a 13 de julho, segundo a Secretaria de Educação de Minas Gerais e o Sindicado das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG). Outro problema é o curto espaço de tempo entre o fim do carnaval, em 4 de março, e o novo período de férias.
Sem ter ainda começado a orçar os preços das férias escolares da filha Laís, de 14 anos, a psicóloga Débora Galvani está preocupada. Como nos anos anteriores o período era de apenas 15 dias, Débora levava Laís para o sítio de uma prima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No ano que vem, como o período é maior, ela pretende viajar para os Estados Unidos – destino que elas costumavam visitar em março, na semana santa. “Não tiro férias em julho por ser um período muito caro, mas em 2014 não tem escapatória. Não tem como deixar minha filha tanto tempo sem atividade. Quinze dias dá até para segurar, mas um mês é difícil”, comenta.
Antes mesmo de saber da prorrogação das férias, a psicóloga Suzana Jardim Poli já tinha planejado com o marido as férias dos filhos Mateus, de 7 anos, e Lucas, de 10. Juntos, eles irão com os avós para a Itália e Portugal e devem passar uma semana em cada país. “Era uma viagem que já tinha sido combinada antes e que se encaixaria nas férias de julho”, comenta. No entanto, com as mudanças no calendário, os dias de folga que sobraram na agenda devem ser preenchidos por passeios em parques, cinemas e até viagens para o interior. “Vamos usar a criatividade para conseguir programas para todos esses dias”, comenta. “Viajar para uma cidade que vai receber jogos da Copa é uma opção, mas ainda estamos considerando as possibilidades e valores”, acrescenta.
PRESSA
Embora ainda não tenham pacotes disponíveis para o período, as agências garantem que quem começar a orçar a partir de agora sairá na frente. O diretor comercial do grupo Master, Lenini Lamounier, explica que as agências ainda estão trabalhando com pacotes da alta temporada de verão. Mas lembra que em junho e julho valerá a lei da oferta e da procura. “Destinos no Brasil vão estar cada vez mais saturados. Quem vier assistir a um jogo em um das cidades-sedes vai aproveitar para conhecer outros pontos turísticos do país”, afirma. Além disso, o diretor afirma que passagens de voos internacionais tendem a ficar mais baratas, um a vez que mais aeronaves terão o Brasil como destino e evitarão voltar vazias. “Para quem estiver usando esses aviões de volta, no contrafluxo, a tendência é de tarifas mais em conta do que dentro do país”, completa.
As agências especializadas em viagens à Disney, nos Estados Unidos, principal destino da época, também aproveitam a demanda. Embora ainda não estimem crescimento puxado pelo interesse das pessoas que querem fugirem da Copa, elas garantem vendas de todos os pacotes ofertados até a data. Na Greentours, até agora 40% dos pacotes já foram vendidos. Na Tia Eliane Turismo, 50% das vendas já foram concluídas. “Como a coisa aqui estará completamente inflacionada e os preços impraticáveis, acreditamos que muitos vão querer sair do país. Estamos confiantes para um movimento ainda maior a partir do início do ano. Por isso é interessante planejar a viagem”, comenta a diretora de operações da Tia Eliane, Renata Boechat.