O emprego na indústria caiu 0,4% em setembro em relação a agosto, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a quinta queda mensal consecutiva. Em relação ao mesmo mês de 2012, o desempenho foi ainda pior: redução de 1,4% no número de vagas. Foi uma queda generalizada, afetando 12 dos 14 estados pesquisados no caso da comparação com o ano passado.
Para o professor Carlos Alberto Ramos, especialista em mercado de trabalho e economia no Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), o desemprego industrial é um reflexo direto do fraco desempenho da economia em geral e do setor em particular. “A indústria é prejudicada pelo baixo crescimento econômico e também pela concorrência cada vez maior com os produtos manufaturados importados, sobretudo os chineses”.
A produção industrial brasileira tem alternado momentos de desempenho positivo e negativo. Em setembro, depois de dois meses de queda, avançou 0,7%. Segundo Ramos, em anos anteriores foi possível crescer com maior intensidade graças à expansão do crédito no país, que fez o mercado interno crescer de forma robusta. “Não há mais esse impulso, e a demanda externa é baixa devido à crise global”, explicou.
Em alavanca
Têm sido inúteis, de acordo com a avaliação de Ramos, os incentivos fiscais concedidos pelo governo para garantir a competitividade da indústria e as vagas de trabalho. Ele descartou, contudo, problemas sociais devido às demissões. “O Brasil vive uma situação de pleno emprego. Quem sai da indústria é absorvido pelo setor de serviços, que está contratando”, afirmou. A taxa de desemprego do Brasil em setembro ficou em 5,4%, revertendo dois meses de queda, mas, ainda assim, bastante inferior à de outros países e também ao histórico brasileiro.
Na comparação anual da pesquisa do IBGE, a maior queda foi da região Nordeste (6,3%), com redução em 14 dos 18 setores investigados, sobretudo alimentos e bebidas (10%), calçados e couro (8%) e vestuário 4,5%. Entre os estados, houve redução de vagas de 6,5% na Bahia, 6,4% em Pernambuco, 1,4% no Rio Grande do Sul, 1,2% em Minas Gerais e 0,8% em São Paulo.