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Estado de Minas

Jornal britânico critica marco civil da internet

O principal ponto criticado pelo FT é a proposta que exige que todas as informações sobre o uso da internet pelos brasileiros fiquem armazenadas no país


postado em 13/11/2013 12:13 / atualizado em 13/11/2013 13:38

O jornal britânico Financial Times pede que a presidente Dilma Rousseff repense a adoção de novas regras para a internet. No principal editorial da edição desta quarta-feira, a publicação argumenta que algumas ideias do Marco Civil da internet podem prejudicar economicamente o Brasil e ainda levariam outras nações a seguirem a regra brasileira. Com o título "Brasil indo longe demais na segurança na internet", o jornal classifica a proposta como "protecionista" e diz que o Brasil é "o único país que pode influenciar" o debate deflagrado pela denúncias de espionagem da Casa Branca.

"Mais que qualquer outro, o país que pode influenciar a forma como essa polêmica se desenvolve é o Brasil. A presidente Dilma Rousseff expressou fúria contra as revelações de espionagem dos Estados Unidos. Consequentemente, o governo reagiu com um extenso conjunto de medidas destinadas a proteger brasileiros do que se considera uma máquina de vigilância dos EUA fora do controle", diz o editorial.


O principal ponto criticado pelo FT é a proposta que exige que todas as informações sobre o uso da internet pelos brasileiros fiquem armazenadas no país. "Esta medida teria grandes implicações. Exigiria que as empresas de internet dos EUA que operam no Brasil teriam de duplicar sua infraestrutura já existente com a criação de enormes e caros centros de dados no País. Isso, inevitavelmente, faria com que essas empresas se perguntassem se devem restringir suas operações no Brasil", diz o texto. "Isso seria ruim para competitividade e prejudicial para o setor de tecnologia brasileiro", completa o texto.

Além de prejudicar o Brasil, o FT argumenta que a adoção dessas medidas seria "ruim para a liberdade global da internet". Ao afirmar que o mundo pode ser dividido entre dois grupos - um com liberdade total na rede liderado pelos EUA e outro com controle da web reunindo China, Rússia e Irã -, o editorial diz que Brasil, Turquia e Indonésia compõem um grupo "que vacilou sobre qual caminho tomar". "Se o Brasil, o segundo maior mercado mundial do Facebook, se tornar um defensor do protecionismo na internet, outros o seguirão."

Apesar de criticar a proposta brasileira, o FT diz que a culpa da reação brasileira é dos EUA. "A presidente do Brasil tem direito de se sentir seriamente prejudicada", diz o texto, que pondera, porém, que o resultado das medidas propostas poderia ser negativo para o País. "É ruim para o Brasil, que pode sofrer economicamente, e isso é ruim para a rede mundial de computadores, que corre o risco de entrar em uma era de fragmentação e regulação. Dilma precisa pensar novamente", diz o texto.


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