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Estado de Minas

Falta plástico para reaproveitamento

Sem coleta seletiva, embalagens PET vão para os lixões e deixam de abastecer fábricas, que operam com ociosidade


postado em 18/11/2013 06:00 / atualizado em 18/11/2013 07:47

Do lixo doméstico para o aterro sanitário, milhares de garrafas, embalagens como o PET (plástico resistente) dos refrigerantes se acumulam em um cenário desolador, não só para o meio ambiente mas também para a indústria que vê seu lucro seguir para os aterros do país. Com a coleta seletiva restrita no Brasil, o PET, elevado a material nobre na cadeia do plástico, sobra nos lixões mas falta nas fábricas, que trabalham com 30% de sua capacidade ociosa. Empresários do setor viajam pela América do Sul, Estados Unidos e até para Europa pagando preço recorde pelo precioso material reciclado, que trazem para o Brasil para ser transformado em matéria-prima, especialmente para a indústria têxtil.

Embora o país seja um grande reaproveitador desse plástico resistente, a cada mil embalagens usadas, quatrocentas ainda viram lixo, de acordo com os últimos números da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet). O resultado é que o quilo do produto no mercado atinge preços recordes e ameaça a sustentabilidade dos negócios, que no país giram por ano perto de R$ 1,7 bilhão. O quilo da embalagem prensada chega a R$ 2,20, valorização de mais de 30% nos últimos 12 meses.

Entre 2010 e 2012 o faturamento da indústria do PET avançou 40% e aqueceu a busca pelo material. Desde o catador que está na ponta da cadeia, passando pelos atravessadores até a grande indústria a disputa é generalizada e em tempos de escassez o produto novo chega a custar menos que o reciclado. Edson Freitas, presidente da Associação Brasileira da Cadeia de Sustentabilidade Ambiental do PET (Abrepet), que começou no mercado como catador de materiais recicláveis e agora é proprietário da indústria Brasil Pet, explica que enquanto o quilo da resina nova pode ser encontrado por R$ 3,80 o preço do quilo do produto reciclado ultrapassa R$ 4. Uma das soluções apontadas seria ampliar a coleta seletiva, que hoje representa em média, apenas 3% do total do lixo gerado no país.

Custo Giovanni Tonani, sócio- proprietário da Ciclept, indústria de reciclagem de plásticos que há 10 anos funciona em Bom Despacho, no Centro-Oeste do estado, diz não se lembrar de ter pago valores tão altos pela matéria-prima. Ele compra o produto de fornecedores já tradicionais e também dos micro-clientes, como famílias, que reúnem o material em casa e levam pequenas quantidades para serem vendidas na sua usina. Em tempos de guerra pelo produto nem mesmo uma garrafa passa batido. “Antes a matéria-prima representava 65% do nosso custo de produção, agora pode atingir 80%”, calcula o empresário.

A capacidade da Ciclepet é para operar 250 toneladas/mês do plástico, mas atualmente a indústria segue a média nacional e trabalha com 30% de sua capacidade ociosa. Apesar da escalada dos preços, Tonani é otimista com o mercado. Sem entrar em detalhes, ele adianta que em breve a empresa vai lançar um projeto de inovação para o setor.

Enquanto a coleta seletiva não deslancha no país e recheia os aterros com tesouros de plástico, Mara Fróis, sócia-proprietária da Green Pet, indústria de beneficiamento que lava, mói e seca o plástico transformando em flocos e flakes revendidos para indústrias de São Paulo, principalmente, diz que a utilização do produto é infinita, de vassouras a partes de automóveis e eletrodomésticos. “Por que hoje as famílias compram edredom barato? Porque a roupa de cama é feita de PET”, explica. Segundo ela, as possibilidades para o mercado são exponenciais mas o setor cresceu e esbarra em questões estruturais graves. “Além da matéria-prima, a carga tributária é imensa e não temos mão de obra”, explica. Essa semana Mara embarca para os Estados Unidos de onde vai importar 350 toneladas do material. “Apesar do dólar está alto, eu estou viajando para importar PET, por incrível que pareça.”


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