A transição energética demandará investimentos da ordem de centenas de bilhões de euros de Alemanha, Reino Unido e Espanha nas próximas décadas, estimou um estudo publicado nesta segunda-feira pela escola francesa de altos estudos HEC Paris e a consultoria global Kurt Salmon.
"A constatação é implacável: nossos países vão precisar de centenas de bilhões de euros de financiamento ao curso das duas próximas décadas para atender a seus objetivos de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa", destacou o estudo.
Os três países analisados responderam, sozinhos, por 40% do consumo de petróleo na União Europeia em 2012. Cada um adotou trajetórias diferentes para reduzir a dependência de suas economias em energias fósseis emissoras de CO2.
A conta deverá ser mais alta na Alemanha, que começou a abandonar a energia nuclear e estuda "um novo modelo de crescimento econômico", favorecendo as energias renováveis. Serão necessários até EUR 400 bilhões para financiar a transição, sem que o impacto sobre o emprego possa ser quantificado com precisão, afirmaram os autores do estudo.
"Isto corresponde a um terço dos esforços feitos para a reunificação da Alemanha (com custo de EUR 1,3 trilhão)", destacaram, evocando particularmente como caminhos de financiamento o aumento do preço no atacado da eletricidade e da tonelada de CO2.
Em 2050, a conta poderia, inclusive, chegar a EUR 580 bilhões. O Reino Unido fez a escolha inversa: sua estratégia de descarbonização se traduz pelo relançamento de seu programa nuclear, como demonstra o acordo concluído no fim de outubro com a gigante francesa EDF para a construção de dois reatores EPR. O objetivo é, sobretudo, melhorar a produtividade do setor elétrico no país para reforçar sua competitividade, destacou o estudo.
As necessidades de investimento são estimadas em EUR 200 bilhões até 2050, dos quais EUR 130 bilhões para a reestruturação do setor elétrico até 2030. Por fim, na Espanha, constatou-se o fracasso da transição energética iniciada nos anos 2000 em razão de um déficit tarifário induzido por um forte nível de suporte público às energias renováveis e não ao seu financiamento inicial pelo consumidor privado.
Sendo assim, o país faz frente a uma dívida acumulada de EUR 26 bilhões de seu setor elétrico entre 2005 e 2013. "Segundo os indícios, não deve haver ali o relançamento da transição energética na Espanha sem uma verdadeira reforma estrutural do setor elétrico e o saneamento das finanças públicas", escreveram os autores do estudo.