A Vale deverá anunciar um programa de investimentos de US$ 14,5 bilhões, incluindo pesquisa & desenvolvimento (P&D) para 2014, nesta segunda-feira (02), durante o Vale Day em Nova York. Esse montante é 11% inferior ao anunciado para 2013, de US$ 16,3 bilhões, de acordo com levantamento realizado pela reportagem com analistas que acompanham o setor. Se confirmado, será o mais baixo desde 2010, quando os investimentos anunciados foram de US$ 12,9 bilhões.
"Não será fácil o Luciano explicar esse uso do caixa da empresa" disse. Esse analista, que projeta um investimento abaixo do mercado, em US$ 12 bilhões para o próximo ano, acredita que a Vale terá de cortar, no mínimo dos aportes, o montante referente à primeira parcela do Refis.
Pela sua decisão de adesão ao programa, a Vale terá de desembolsar R$ 22,3 bilhões, sendo R$ 5,9 bilhões à vista e mais R$ 16,360 bilhões em 179 parcelas mensais. Na oportunidade, a empresa disse que o impacto da dívida em seu lucro apurado no exercício deste ano será de R$ 20,725 bilhões.
A Vale tem mantido sua estratégia de maior disciplina de alocação de capital, focando-se em ativos de maior rentabilidade caso do minério de ferro.
O maior investimento da mineradora hoje é em Serra Azul, mina que acrescentará à capacidade da Vale 90 milhões de toneladas de minérios de ferro, e que demandará investimentos de cerca de US$ 20 bilhões. Neste ano a produção da Vale deverá chegar a 306 milhões de toneladas de minérios.
Além do foco em minério de ferro, produto que é o carro-chefe, a mineradora vem realizando desinvestimentos em áreas não estratégicas. Recentemente, por exemplo, a mineradora vendeu uma fatia na empresa de logística VLI e também a sua participação na fabricante de alumínio norueguesa Norsk Hydro.
Na teleconferência em que comentou os resultados referentes ao terceiro trimestre deste ano, no início de novembro, o diretor de RI da companhia disse que a Vale poderia encerrar 2013 com um volume de investimentos um pouco inferior ao previsto em seu orçamento anual, mesmo com a tendência de dispêndio de aportes mais acelerado nos últimos três meses do ano.
Em relatório, o analista do Credit Suisse, Ivano Westin, diz que a Vale pode até mesmo surpreender o mercado com investimentos ainda menores do que o previsto e que aguarda que a empresa sinalize, no encontro da segunda-feira, que ainda há espaço para redução de custos ao longo dos próximos trimestres.
Mudança
Desde maio de 2011 à frente da Vale, Murilo Ferreira assumiu o cargo com a missão de arrumar a casa, reduzindo excessos para retomar a eficiência da empresa. Para isso, uma das primeiras tarefas realizadas por Ferreira foi definir as prioridades, mantendo o foco nos ativos de "classe mundial".