A atração de mão de obra qualificada em Belo Horizonte e em municípios do entorno da capital mineira registrou elevação 1.375% entre 1991 e 2010. Somente entre 2005 e 2010, a microrregião de BH atraiu 151 mil pessoas com qualificação, mandou para fora 115 mil nessa condição, ficando com um saldo positivo de 35,7 mil profissionais. Os números são da pesquisa Cidades em Movimento, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).
O engenheiro de controle de automação Radamés Aleixo é mineiro e mudou-se de Belo Horizonte para São Paulo pouco depois de se formar, em 2001, para trabalhar na Alstom Grid Energia. Depois de três anos e meio na capital paulista, recebeu proposta de outra multinacional e foi trabalhar do Rio de Janeiro, onde vive há oito anos, nos últimos quatro de volta à Alstom. “Saí de BH por falta de perspectiva e oportunidade de crescimento. Hoje meu rendimento é 12 vezes maior”, explica.
Os dados do Ipea mostram também que a Grande BH está entre as regiões brasileiras em que o número de habitantes em favelas registrou redução mais significativa entre 2000 e 2010, com uma queda de 12,8%. Em Curitiba, a retração foi de 22,1%, em Porto Alegre de 6% e em Fortaleza de 3,7%. Na média, a população que vive em aglomerados cresceu 50,7% em Brasília, 29,2% em Manaus, 14,7% em Belém, 9,3% no Rio de Janeiro e 2,6% em São Paulo.
PERIFERIA
Para Marcelo Neri, ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e presidente do Ipea, os resultados indicam que de 1991 até agora a periferia da capital mineira passou por um processo de crescimento maior que o de outras regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo. “A região atraiu mão de obra qualificada e mostrou crescimento qualificado ao reduzir a população das favelas. São sinais de que a Grande BH, depois da crise das regiões metropolitanas no país em 1993, se beneficiou da revitalização e da expansão econômica desses locais sem sofrer as dores do crescimento”, sustenta Neri.