Brasília – Uma dança de cadeiras tende a dar novos rumos à Empresa de Planejamento e Logística (EPL), o que pode implicar direções diferentes para as concessões de rodovias e ferrovias no país. Ontem, o então presidente da EPL, Bernardo Figueiredo, passou o cargo para o ex-ministro dos Transportes Paulo Sérgio Passos. Embora nunca tenha tido a intenção de permanecer na empresa por um longo período, ele decidiu deixar o cargo praticamente um ano antes do planejado, depois de ser alvo de críticas pela condução do Programa de Investimentos e Logística (PIL). “Considero que parte do meu trabalho foi concluída, por isso estou deixando a empresa. E nas melhores mãos possíveis”, afirmou. Para ele, a agenda eleitoral impôs-se às questões técnicas que envolvem as concessões de rodovias e ferrovias. “Queremos que, a partir de 2015, não tenhamos mais esse problema”, afirmou Figueiredo, que esteve à frente da EPL desde sua criação, há um ano e seis meses.
“A EPL significa um instrumento absolutamente imprescindível para o governo, porque é a forma como deve identificar necessidades para o país em temas de logística. Esperamos que possamos devolver ao país contribuições valorosas e inestimáveis naquilo que diz respeito à proposição de projetos, seguindo as orientações gerais de governo”, disse Passos, ao assumir o novo posto. Ele defende a rediscussão da forma de concessão de trechos de rodovias ou mesmo de todas as ferrovias que não apresentam boa aceitação pelo mercado. Entre as estradas, vale lembrar o leilão da BR-262 entre Minas Gerais e Espírito Santo, que não chegou a ter lances. Para ele, no caso da BR-262, uma tarifa que é muito elevada e onde é possível contabilizar riscos pelo impacto da referência tarifária, o governo deveria “parar, dar uma reavaliada e ver que caminho vai tomar”.
Já no caso das ferrovias, Passos defende que é preciso lembrar que é a primeira vez que está sendo feito um programa com essa envergadura e com essa quantidade de ferrovias. “É preciso ouvir o mercado, a sociedade, ser sensível a todos esses aspectos que podem estar em jogo, para que o governo possa promover ajustes cabíveis”, disse.
De acordo com Figueiredo, cerca de 4 mil projetos foram avaliados e 400 foram determinados como prioritários para o aumento da produtividade do país nos próximos três anos. Segundo ele, porém, são necessários dois anos de prazo entre a preparação de um projeto e a licitação. “Eu acho que é normal ter esse prazo e essa demora. O que a gente observa é que nós também não temos investidores, capacidade instalada para executar programa desse tamanho, um dos maiores do mundo”, afirmou.
Leilão de hoje Vale lembrar que está marcado para hoje o leilão das BRs 060, 153 e 262, sendo os dois últimos trechos em territórios mineiros. Cinco grupos empresariais apresentaram propostas. O consórcio selecionado para operar os 1.176 quilômetros que cortam também o Distrito Federal e Goiás será o que apresentar o menor valor para a tarifa, sendo que o teto foi fixado em R$ 5,94 para cada 100 quilômetros. Os envelopes serão abertos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Este será o quarto lote do PIL.